O final da década de oitenta marcou o início de minha vida profissional. Não haviam telefones celulares e nem microcomputadores. Usavamos terminais 3270, enormes "cabeças de dinossauro", como eram conhecidos, que enfeitavam nossas mesas com telas pretas e letras verdes e davam um forte sentimento de poder tecnológico. Afinal, estavamos todos conectados a um mega computador central com capacidade de processar grandes quantidades de informação em alta velocidade. Nossos relacionamentos profissionais eram muito mais próximos, em termos geográficos, do que hoje. Quando precisavamos de uma informação relacionada com um determinado assunto fora de nossa área de conhecimento, procuravamos o "especialista" no tema, normalmente uma pessoa conhecida na organização, que tinha um cargo importante, uma sala e uma áura toda especial. Era o expert, o cientista, o "mosca da cabeça branca". Naquela época, me acostumei com a frase "conhecimento é poder" e a entender que aqueles que detinham conhecimentos específicos e profundos em determinados temas eram os poderosos da empresa, seres especiais que dedicaram sua vida a desenvolver "seu" conhecimento. Eles eram extremamente valorizados e tratados de forma especial. Eram quase que celebridades.
Naqueles longinquos anos ingressei no Mestrado em Engenharia da Computação na COPPE, UFRJ, buscando especialização em Inteligência Artificial. Trabalhavamos com sofisticados algorítmos, implementando Sistemas Especialistas, usavamos Prolog e, depois, Pascal e C. Nossos poderosos computadores eram da primeira geração da família x86 e nem possuiam discos rígidos. Ainda me lembro quando recebemos o primero computador com HD, de 5 MBytes... isso mesmo, eu disse 5 Mega Bytes. Conheciamos os super especialistas da área através de livros e papers, principalmente quando participavamos de congressos, como a Comdex e a Fenasoft.
Vinte e cinco anos depois, o mundo é outro. É raro usarmos um telefone celular. Hoje usamos poderosos smartphones que tem mais capacidade computacional do que os primeiros computadores pessoais. Passamos nossos dias envolvidos em uma quantidade muito maior de "pequenas tarefas" com o objetivo maior de atingir nossas metas pessoais e profissionais. Navegamos em Intranets sofisticadas que oferecem os serviços mais variados como aqueles relacionados com Recursos Humanos, suporte a vendas, acesso a informação e Help Desk, dentre outros.
Nos últimos cinco anos, assistimos ao surgimento das Redes Sociais, tanto internas quanto externas às empresas. Quando necessitamos de uma informação específica, hoje, a buscamos através de uma Intranet Social. Quando precisamos encontrar um especialista, o buscamos em nossas Redes Sociais. Sofisticados sistemas de monitoramento e de métricas sociais identificam, dinamicamente, os maiores contribuidores, os especialistas nos mais diversos temas. Usualmente, são profissionais extremamente ativos tanto na produção de conhecimento quanto no compartilhamento do mesmo. Estão conectados pela sua rede social a dezenas, centenas de outros profissionais, que podem estar na mesma sala ou em outro continente.
E é exatamente aí que reside a maior diferença destes últimos 25 anos. Enquanto no final da década de oitenta o profissional que detinha o conhecimento era considerado o melhor e o mais importante, agora aquele que compartilha é o mais valorizado. Neste novo cenário, vimos uma mudança significativa, comportamental, muito mais do que tecnológica.
Sofisticadas ferramentas permitem a identificação dos maiores contribuidores. Mais do que isso, toda sua produção é rapidamente compartilhada e, principalmente, consumida dentro e fora da empresa. Na Intranet Social da IBM, por exemplo, em questão de segundos, estou falando de segundos, podemos identificar os especialistas em um determinado assunto, onde quer que ele esteja localizado. O que seria comparável a "procurar uma agulha em um palheiro", torna-se uma tarefa simples. A resposta para uma pergunta, que em outros tempos poderia demandar consultas a livros em uma biblioteca, pode ser obtida em questão de minutos.
Onde está a diferença? Qual foi o fator, o elemento, que permitiu tamanha transformação? O surgimento das Redes Sociais Corporativas foi a fagulha, a centelha que deu início a todo esse novo mundo, a esse novo modelo de corporação. Empresas hoje dividem-se entre as que já exploram os benefícios de uma RSC e aquelas que ainda não o fazem. O uso do "IBM Connections", a solução de RSC da IBM, de forma integrada com a Intranet da empresa, provocou a maior transforamção que já assisti nos meus 20 anos de IBM. A IBM de hoje é uma empresa mais ágil, mais transparente e, principalmente, uma empresa onde conhecimento é produzido, compartilhado e consumido em uma velocidade única. Se hoje nos envolvemos em um projeto mais complexo, podemos buscar suporte e informação junto a mais de 500 mil funcionários e contribuidores da IBM, em todos os cantos do mundo.
Em menos de um quarto de século passamos de um cenário em que deter informação era uma vantagem competitiva para um funcionário de uma empresa para um mundo em que compartilhar conhecimento é o caminho do sucesso. Ao lançar mão de uma Rede Social Corporativa, permitimos que aqueles que detém conhecimento possam compartilhar com o restante da empresa, não mais limitando-se a possuir conhecimento. A transformação é significativa e é a principal característica das empresas da segunda década do século XXI.
O uso de Redes Sociais Corporativas e das tecnologias de mobilidade, estão alterando profundamente o mundo em que vivemos. Sua empresa já faz parte deste movimento? Seu maior patrimônio, que é o conhecimento gerado por seus funcionários, é devidamente registrado e compartilhado? E, por fim, quem é mais importante para uma empresa, aquele que gera conhecimento e compartilha ou o que gera conhecimento mas não compartilha?
Existe também um site de consumo colaborativo onde você pode comprar, vender, alugar e/ou trocar produtos chamado BuscaLá. Neste site também são promovidas ações sociais através de área "Ações do Bem". http://buscala.com.br.
ResponderExcluirVale a pena conferir.
Obrigado pelo comentário, Leilson! E também por compartilhar o site BuscaLá, realmente muito bacana. Recomendo uma leitura neste post em que abordei justamente este tema:
Excluirhttp://fgfmendes.blogspot.com.br/2012/06/rio20-sustentabilidade-redes-sociais-e.html
Muito boa a reflexão.
ResponderExcluirCreio que podemos ir além disso: para que gerar o conhecimento? qual a função da produção - material e intelectual?
Como sonhador que sou acho que poderemos buscar uma meta de criarmos para vivermos melhor para termos um mundo mais feliz ao invés de apenas termos como objetivo o lucro.
Vejo isso em vários empresários que estão montando empresas de algo "que gostam", pelo prazer que aquilo gera e não apenas pelo lucro, sendo este visto como um fator necessário - hoje - para o negócio poder continuar existindo. Não duvido que se nossa sociedade permitisse à estes empresários manterem seus negócios sem gastos que os mesmos também não cobrariam pelos serviços.
Obrigado pelo comentário! Sem dúvida é uma reflexão que todos nós devemos fazer, sempre. Para que geramos conhecimento? Acredito que para o bem comum, para o crescimento do bem comum, que pode mudar a vida de bilhões de pessoas no mundo. Ainda temos uma longa estrada pela frente, mas vale a pena seguir.
ExcluirE parabéns pelo seu blog, muito interessante!