terça-feira, 5 de julho de 2011

"Afinal, o que é Social Business?"

Um amigo dos velhos tempos me chamou hoje para tomar um café e me perguntou... "Flávio, afinal, o que é Social Business?". A pergunta me surpreendeu pois, trabalhando na área de Colaboração desde 1996, imaginei que a resposta seria óbvia para qualquer um. E, mesmo depois de anos de experiência na área, tendo participado de inúmeros eventos, ministrado palestras e aulas no Brasil e no exterior, e sabedor dos riscos associados com as "visões simplificadas" me peguei buscando uma explicação simples, algo fora do tradicional, algo que pudesse deixar claro o que, de fato, entende-se como "Social Business".

Entre um gole e outro de café, tentei dar minha visão sobre o tema. Vamos por partes...
  1. É fato que as relações na sociedade passaram, e ainda passam, por uma profunda transformação. A velocidade com que estas mudanças vem acontecendo se acelerou enormemente nos últimos 20 anos. A queda do Muro de Berlin foi um marco no processo de globalização da informação. Mais do que a derrubada de um muro físico, ela representa a eliminação das barreiras para o conhecimento.
  2. Desde então, estas transformações vem avançando rapidamente no mundo das "pessoas físicas". Nos últimos 10 anos, no entanto, muitas destas transformações começaram a acontecer dentro das empresas. As tradicionais barreiras de informação, os silos de conhecimento, vem sendo progressivamente derrubados. Encontrar especialistas e conhecimento, dentro de uma "empresa social" é muito mais fácil hoje.
  3. As novas gerações, acostumadas a compartilhar informações pessoais no Facebook, no Twitter e cia limitada, ao entrarem no mercado de trabalho, procuram por tecnologias semelhantes. Esta nova geração, chame-a de Geração X, Y, Z, Millenium ou qualquer outro nome que se queira dar, trabalha compartilhando informações. E as novas tecnologias "sociais" permitem exatamente que se compartilhe informações dentro de uma empresa, ou com seus fornecedores, parceiros e clientes.
  4. Imagine uma empresa que desenvolve produtos. Ao permitir que especialistas em diferentes locais possam colaborar na criação de um novo produto ela pode acelerar o tempo para que ele chegue ao mercado. A criação de uma comunidade para que estes especialistas possam compartilhar informações é chave neste processo. E tem um impacto direto em um processo crítico da empresa, o de criação e lançamento de um novo produto.
  5. No entanto, é importante entender que Social Business é muito mais do que "Colaboração". As tecnologias hoje disponíveis permitem que os processos da empresa fiquem mais dinâmicos, mais "sociais". É possível encontrar conhecimento e especialistas muito mais facilmente.
  6. Resumidamente, Social Business é a capacidade de uma empresa de Produzir conhecimento de forma colaborativa, de Gerir Conhecimento, de Compartilhar Informações, de Eliminar barreiras, de Acelerar processos, de se aproximar de seus clientes, fornecedores e parceiros, de inovar. E aí está a diferença fundamental entre uma Rede Social e um Social Business. Construir uma Rede Social ligando pessoas é fácil. O grande desafio é ligar esta Rede aos processos de sua empresa. É fazer com que a Rede Social contribua de forma clara e efetiva para atender aos pontos acima, por exemplo.
  7. Além de tudo isso, é fundamental entender que vivemos em um mundo em que "informação" deve ser adequadamente gerenciada e documentada. Um Social Business precisa ter condições de se adequar a regulamentações do governo ou de orgãos competentes. As tecnologias que suportam uma empresa social devem disponibilizar recursos para Governança e Auditorias.
Decididamente, outros "muros" ainda precisam ser derrubados, como em Cuba e na China. Muitas empresas ainda vêem com restrição o tema Social Business. Gosto de fazer uma analogia da entrada das tecnologias de Social Business em uma empresa com os primeiros tempos do Telefone. Naquela época, muito se questionou se a "nova tecnologia" não iria impactar de forma negativa a produtividade das empresas e fazer com que os funcionários ficassem horas ao telefone falando com amigos e parentes. Na prática o questionamento é similar hoje em dia. 

E a conclusão é simples... a tecnologia, por sí só, não vai provocar a transformação que é esperada. É preciso uma mudança de cultura, uma mudança comportamental. Social Business vai além de "tecnologia", invadindo outras "praias" como sociologia. Usar toda esta tecnologia de forma adequada, integrada com os processos da empresa, vai depender de um esforço individual e coletivo, vai depender de algo totalmente novo, a "liderança coletiva".

Mas o café já estava esfriando e era preciso encerrar o papo. Alguns links com material interessante sobre este tema estão relacionados abaixo. Recomendo ainda a leitura do post "Você me deixa doente", de 21 de junho, onde abordo a visão mais "Sociológica" das Redes Sociais.

1 - Harvard Business Review       - http://tinyurl.com/4463zrj
2 - IBM Software Blog                - http://tinyurl.com/3bxn2qg
3 -  Social Business Insights Blog - http://tinyurl.com/3ocqbdo

12 comentários:

  1. Ontem uma amiga levantou o tema da Democracia Participativa no Twitter. Será que não seria a hora dos governos usarem o conceito de Social Business??
    Excelente artigo!!
    Abraços
    Alcely

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  2. Obrigado, Alcely! O uso deste tipo de tecnologia por governos e corporações é um desafio enorme! Observando a forma como elas vem sendo utilizadas, normalmente em protestos e "revoluções", governos e empresas vão ter que entender e abordar a questão comportamental e cultural. Só então serão capazes de utilizar estas novas tecnologias em sua plenitude.

    Já existem exemplos de uso para áreas de proteção ao meio-ambiente, educação, etc. Este é o caminho!

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  3. Flavio, otimo Post, como sempre.
    Abraço, Loza

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  4. Flavio,

    Você já leu o livro Here comes everybody? Recommend fortemente.
    Abs

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  5. Flavio, primeiro, parabéns pelo blog.

    gostei da explicação de Social Business e gostei também de ver que a IBM está investindo nisso com um Tiger Team.

    Espero que isso ainda seja grande, pois acredito muito na colaboração. Não é a toa que mudei minha área de Inteligência de Mercado para Inteligência Coletiva. Indico um blog muito legal: www.nepo.com.br, cientista focado na revolução cognitiva trazida pelas redes sociais digitais.

    Abraços!

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  6. Ah, vi agora que você já segue o Nepomuceno... Pergunta: vocês fazem seminários ou encontros para disseminar a idéia de social business?

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  7. Obrigado pelo comentário, Keith! Realmente esta é uma área de grande investimento da IBM e é muito enriquecedor fazer parte deste time.

    Quanto ao Nepo, já o conheço sim e admiro muito seu trabalho. Obrigado!

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  8. Oi Flavio, acabei de descobrir o seu blog e gostei muito da matéria !
    Abs
    Andréa

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  9. Obrigado pelo comentário, Andréa!!! Fico feliz em saber que você gostou!!!

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  10. Flávio,

    Mais uma vez sua facilidade em ransformar o complexo em simples me surpreende.

    Para enriquecer ainda mais o seu discurso, recomento as seguintes leituras:
    "The boundaryless organization: breaking the chains of organizational structure" de Ron Ashkenas e a trilogia "Sociedade em Rede" do Manoel Castells.

    Abc,
    André Ceciliano

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  11. Obrigado polo comentário, André! Fico feliz com esse feedback pois realmente procuro simplificar os temas para que possamos discutir em um bom nível, sem ter que entrar nos detalhes técnicos. Claro que quando é necessário, temos que nos aprofundar...

    Quanto aos dois livros, ainda não li o primeiro, mas o segundo eu já li (pelo menos o primeiro volume da coleção)... aliás, até o mencionei em um post no ano passado...

    http://fgfmendes.blogspot.com.br/2011/11/redes-sociais-proibir-e-censurarou.html

    Mais uma vez, obrigado e um grande abraço!

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