quinta-feira, 20 de março de 2008

"USA" On Sale 2

"O Globo", 19 de março de 2008, sessão de economia, página 25... "Bancos nos EUA podem ser alvos de brasileiros". Confirmando a queda do valor de mercado das empresas americanas, o jornal O Globo informa que tanto Bradesco quanto Itaú já tem mais valor de mercado do que o Morgan Stanley e Merril Lynch. Cada um dos dois bancos tem valor de mercado hoje superior a US$ 55 bilhões... Morgan Stanley vale US$ 47,3 e Merril Lynch vale US$ 45,3 bilhões... Outro gigante, o Lehman Brothers, vale algo próximo de US$ 25 bi... um trocado... tanto Bradesco quanto Itaú hoje rondam a décima colocação na lista dos maiores bancos privados do mundo...

É claro que isso não significa que eles vão comprar estes bancões, aliás, nem mesmo quer dizer que eles querem ou mesmo que seria um bom negócio. Talvez não seja uma boa idéia pois o mercado financeiro brasileiro tem características diferentes como um maior "spread", por exemplo.

Conforme dito anteriormente, esta situação é uma consequência direta de dois fatores: a apreciação do real perante o dólar e a queda das ações na bolsa de Nova Iorque. Isso não quer dizer que vai continuar assim, mas...

Até alguns movimentos mais "estranhos" tem acontecido... ontem o Citigroup e o JPMorgan, mesmo no meio dessa crise toda, anunciaram que estão fazendo um "empréstimo ponte" de US$ 3 bi para a montadora indiana Tata para que ela possa comprar as marcas de luxo Jaguar e Land Rover... que pertencem à americana Ford! Ou seja, com a queda dos juros nos EUA, fica mais barato para a indiana pegar um empréstimo com os americanos, para comprar uma empresa americana, do que usar o próprio caixa (se é que eles tem caixa, o que eu não sei).

Enfim, o derretimento dos valores de mercado das empresas americanas continua... Hoje, dia 20, os indicadores ruins continuam a sair e quase nenhum sinal de melhoria... aliás, nenhum...

terça-feira, 18 de março de 2008

"USA" On Sale


Que tal uma viagem aos Estados Unidos para compras? Podemos ir à Orlando, Miami ou Nova Iorque e renovar nosso guarda-roupa! O dólar nunca esteve tão baixo... ainda me lembro do ano de 1998, quando nosso Real estava bem valorizado perante o Dólar e viajei a trabalho aos EUA. Foi uma festa só... Pois o nosso Real, passados 10 anos, está novamente muito forte perante o Dólar, aliás, mais forte do que a 10 anos, o que faz com que nosso poder de compras seja ainda maior! Excelente oportunidade!

Que tal uma viagem aos Estados Unidos para compras? Podemos ir a Nova Iorque ou Chicago e renovar nossa carteira de investimentos! O Dólar nunca esteve tão baixo perante outras moedas como o Euro ou o Yen... Podemos até comprar umas empresas a preço de banana! Tanto em Wall Street como na Bolsa de Mercadorias de Chicago os preços estão em patamares bem interessantes...

Recentemente os bancos entraram em uma promoção especial, liquidação total! Claro, tem que tomar cuidado pois estes “produtos”, uma vez comprados, não admitem trocas... mas ainda assim podem ser encontradas boas ofertas.

Interessante o atual cenário internacional... eu sou de uma geração em que o fantasma da inflação nos rondava o tempo todo. Era comum ver nossa moeda ser desvalorizada em dois dígitos percentuais a cada mês. Nossas economias eram devoradas pela inflação e nossa moeda, quando não mudava de nome, passava por uma dieta forçada na qual tiravam vários zeros dela de uma só tacada.

O mundo está diferente. Com a crise das sub-prime (hipotecas de alto risco), os americanos se viram diante do que está sendo classificado, hoje, de maior crise desde a segunda guerra mundial, ou seja, dos últimos 60 anos... e olha que daqui a pouco pode vir a ser classificada como a pior crise, superando a da quebra das bolsas americanas na época da Grande Depressão...

Nós, reles mortais, assim como a maioria absoluta dos especialistas, ainda não sabe o que está por trás disso. E pode ser que nunca venhamos a saber. Não acredito que a crise esteja atrelada somente às sub-primes. Algo mais está por trás. Não quero ser o profeta do apocalipse e nem mesmo ficar imaginando “teorias de conspiração”, mas tem alguma coisa que falta ser esclarecida, falta ainda uma peça deste Quebra-cabeças.

Lendo jornais e revistas essa peça ainda não foi encontrada (e não acredito que eu vá a encontrar...). Uma primeira pista pode estar relacionada com o petróleo e com a Guerra do Iraque. Como qualquer outra, essa é uma guerra muito, muito cara mesmo e que tem impacto em absolutamente todos os segmentos de indústria, desde a óbvia Armamentista até no Turismo...

Temos também as eleições americanas para presidente... outra coisa muito cara e que tem mobilizado toda a nação em campanhas milionárias. Financiadas por quem? De onde vem o dinheiro das campanhas? Não estou falando das fontes declaradas, estou falando das reais...

E, por último, tem uma “guerra” meio que histórica que é a do Dólar e do Ouro... por muitos e muitos anos os EUA fixaram o preço da grama do ouro em dólar. No entanto, foram tantas emissões de moeda que eles foram forçados a quebrar essa amarração. Até hoje esse é um “caso mal resolvido”. E, nesse confuso cenário, o ouro não para de subir (1) e (2).

O fato é que, neste cenário, empresas do mundo todo estão invadindo os Estados Unidos e comprando empresas americanas por preços bastante atrativos. Talvez o marco zero dessa nova onda tenha sido a compra, pela Lenovo da divisão de computadores pessoais da IBM, em 2004. Na época a compra foi uma grande surpresa, pelo menos para mim e, acredito, para o restante dos mortais... uma empresa chinesa comprando parte da IBM? Definitivamente este foi um momento decisivo em nossa “economia”.

Quer outra, mais perto de casa? Pois quem não se lembra da compra da Swift pela nossa Friboi por US$ 1.4 Bilhões, em meados do ano passado? Vale lembrar que a Swift é uma empresa americana com 150 anos de história e faturamento 10 vezes maior do que o da Friboi...

Mais uma, também em nossas terras? Em fevereiro último a Votorantin Cimentos adquiriu por valor não divulgado a fabricante de concreto e agregados Prairie...

Enfim, a lista é longa e passa por empresas de vários segmentos como tecnologia da informação, frigoríficos, construção civil, automobilístico, só para citar alguns.

Não sou economista (minha esposa é), mas me parece que o cenário internacional hoje é extremamente positivo para compras nos EUA... É hora de aproveitar.

Vamos à Disney?

(1) http://afp.google.com/article/ALeqM5gorb8q2qWil0Fp3EURk_qO-l8Uow
(2) http://br.geocities.com/guaikuru0003/keynes.html#padraoouro

domingo, 9 de março de 2008

TI - Uma "Indústria Temática"?

A Indústria de Tecnologia da Informação (TI) é, seguramente, uma das mais dinâmicas. Em parte, pode-se atribuir esta característica ao fato dela ser composta e sofrer influência direta de diversas outras indústrias que tem se desenvolvido muito nas últimas décadas, como a das telecomunicações e eletrônica, por exemplo. É interessante notar, porém, que ao mesmo tempo em que ela avança junto com outras indústrias, ela também se desenvolve utilizando-se de "temas"... como Web 2.0 ou SOA, por exemplo, que são os mais atuais.

Esta característica, de ser uma “Indústria Temática”, pode ter sido uma grande sacada de marketing. De fato, em alguns momentos temos a clara percepção de que o conteúdo do que estamos avaliando é muito similar a algo já visto antes, com um tempero diferente. O fato, no entanto, é que esta indústria passou a trabalhar mais fortemente com "temas" a partir do final dos anos 80/início dos anos 90, com o surgimento da microinformática.

O período AT (Antes dos Temas)

Antes desta transformação, era uma indústria hermética, fechada que tinha como característica ser voltada para as grandes empresas, fornecendo ítens de infraestrutura, como mainframes, super-minis computadores e unidades de armazenamento.

Os primeiros Temas


Com o surgimento dos microcomputadores, na década de 80, e com o aumento do uso dos “micros” por empresas de todos os portes e por pessoas físicas, apareceu o primeiro tema , o da "Computação Pessoal". A mídia passou a explorar o assunto como algo revolucionário e a indústria se beneficiou enormemente, pegando uma carona para o que realmente foi uma revolução, com a venda de centenas de milhares de computadores pessoais. Era a época do "Personal Computer". O equipamento chegou a ser capa da Time..


Logo em seguida, com o surgimento das "redes locais", veio o tema de "Trabalho em Grupo" (workgroup). A Lotus (mais tarde comprada pela IBM), foi a primeira empresa a lançar um produto para o mercado corporativo para explorar este tema. Lançou em 1989 o Lotus Notes, que permitia a troca de emails e a colaboração em grupos de trabalho, através do uso de aplicações especialmente desenvolvidas.

A Microsoft também aderiu à idéia e lançou uma versão especial do Windows, o Windows for Workgroups, em outubro de 92, que incorporava recursos para trabalho em pequenas redes locais. A versão vendeu bastante e se tornou um dos sistemas operacionais de sucesso da época, apesar das inúmeras limitações.


Ainda estavamos no início da década de noventa e o mercado assistia a uma chuva de produtos que tinham como proposta principal explorar o Trabalho em Grupo.

Os temas chegam ao mundo corporativo


Logo em seguida a IBM lançou um novo tema no mercado, o eBusiness. Todos os grandes projetos da empresa passaram a ter esse tema como central. E basicamente a idéia era de que seria possível "tocar" todo um negócio utilizando-se de ferramentas de TI. Seria a solução definitiva para áreas tão distintas como bancos-de-dados, correio eletrônico e gestão de projetos. Novamente surgiram inúmeras soluções no mercado, de diversos fornecedores, literalmente inundando as empresas com as soluções mais distintas. Era o início da popularização da Indústria de TI no ambiente corporativo.


O crescimento no uso dos recursos de TI, com a campanha de eBusiness, trouxe novos e maiores desafios. Mais uma vez coube à IBM trazer um novo conceito, o de On Demand. Sua proposta é a de tranformar as empresas em organizações mais ágeis, mais responsivas e, consequentemente, mais competitivas em um mercado onde vantágens nascem e morrem em meses. A idéia é que os recursos de TI possam ser usados de forma similar ao que usamos, por exemplo, a luz em nossa casa... quando necessitamos, ou seja, "sob demanda".


Os desdobramentos desta idéia são muitos e vão desde o uso e respectivo pagamento proporcional ao consumo até a um gerenciamento macro dos recuros de uma empresa, formando um "grid" de componentes que possam ser melhor utilizados pelos diversos departamentos. Na época de lançamento da campanha “On Demand”, a IBM colocou anúncios de página dupla nos principais jornais americanos para explicar o tema. E não eram simplesmente anúncios em jornais da Indústria de Tecnologia, mas em jornais populares, o que demonstra claramente a importância da difusão da idéia do tema pelo público mais variado. A idéia por trás deste movimento, mais do que simplesmente lançar um novo tema, era de se posicionar como “a lançadora” do tema, como uma empresa que está na liderança da indústria.

Os Temas atuais

Mais recentemente surgiram novos temas, como SOA, Service Oriented Architecture, e Web 2.0. E mais uma vez, a indústria toda veio atrás e os principais players como HP, Oracle, SAP também passaram a explorar o assunto.

Diz a lenda que o termo “Web 2.0” foi cunhado em 2003, durante uma sessão de brainstorming patrocinada pela empresa O’Really. Seu pai chama-se Dale Dougherty, então o VP de Media da empresa.

Na prática, o conceito de uma segunda versão para a WWW foi motivado por diversas análises do cenário da época. Em linhas gerais, duas foram as principais características. A primeira delas, o “estouro da bolha” em 2001. O consenso era de que este estouro marcou o final da primeira fase da Internet como a conheciamos. Ele representava o amadurecimento de uma “tecnologia”, o “rito de passagem” para uma nova fase, a sua “nova versão”.

A segunda grande característica é que nesta nova “versão” a WWW seria mais interativa, mais social, em contrapartida à primeira fase, onde os sites eram estáticos, a maioria escritos em uma linguagem padrão e simples. Com o surgimento de novas tecnologias foi possível criar novos sites com serviços interativos, blogs, redes sociais, comunidades, etc. Fortes players desta fase são a Google, o Orkut (hoje da Google), o MySpace e outros mais.

Um bom exemplo de um site em “Web 2.0” e ao mesmo tempo um diretório de empresas com ofertas para este ambiente é o “Go2Web20” (http://www.go2web20.net/). Desde sua construção até seu conteúdo, tipicamente é um bom exemplo da proposta de Web 2.0. Outro claro exemplo é o Google Maps (http://maps.google.com/), hoje utilizado em conjunto com outros sites e soluções naquilo que foi batizado de “Mashup”, onde o conteúdo do Google Maps é usado, por exemplo, para localizar uma determinada loja. Diversos sites de lojas e empresas usam esse recurso. Para dar um último exemplo, a Wikipedia, (www.wikipedia.com), uma mega “enciclopédia” do mundo virtual.

Temas, temas e mais temas...

Parece que, neste exato momento, estamos surfando esta nova onda, da Web 2.0. Será que já estamos usufruindo de todos os seus benefícios? Será que muitos deles vão simplesmente desaparecer em um processo de seleção natural?

Qual será o novo grande Tema desta indústria? Quando ele será lançado? As apostas são as mais variadas, mas usualmente apontam para “WiMax”, “Redes Sociais 2.0” e outros mais. O fato é que definitivamente esta é uma indústria marcada por Temas, que vem se renovando nos últimos 20 anos e apontando o futuro da “Tecnologia da Informação”.

No fundo, talvez, IT represente mesmo uma “Indústria Temática”...