segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Never Offline, a era dos disposivitos "vestíveis"


Na semana passada, em Boston, para reuniões com clientes, tive a oportunidade de testemunhar, em solo americano, o lançamento do iPhone 6, do iOS 8 e do Apple Watch. Recebidos com grande entusiasmo por uma legião de admiradores, os dispositivos marcam o início de uma nova era e foram matéria de capa de inúmeras revistas especializadas (ou não). A tradicional Time, por exemplo, dedicou sua capa e 6 páginas ao tema, tratando-o como uma quebra de paradigma, de modelo, de estilo de vida. Segundo a matéria, falando diretamente sobre o novo relógio "Apple isn't just reviving an old category, it's moving a boundary".

O Apple Watch é novidade

Relógios de pulso existem a décadas. Foram importantes nas guerras do século passado, na aviação, nos esportes e ganharam destaque com modelos sofisticados e caros, muitas vezes alcançando o status de joia. No entanto, em grande parte da história tiveram como função básica marcar as horas (ou funcionar como cronômetros ou despertadores). Na década de 70 assistimos ao primeiro modelo "modificado", que ficou conhecido como "relógio calculadora". O modelo ganhou o mercado e sobrevive até hoje, sendo facilmente encontrado em lojas de varejo por cerca de US$ 25,00. De lá para cá, nenhum avanço significativo. 

Recentemente vimos mais uma mudança com a chegada dos smart watches. A Samsung saiu na frente e produziu mais de um milhão de unidades da linha Galaxy, segundo a reportagem, sem produzir grandes estardalhaços no mercado e sem dar sinais de que vai "pegar". A Google também lançou seu modelo, que até o momento não vendeu nem meio milhão de unidades. É neste cenário em que a Apple chega ao mercado. A grande diferença é que a Apple vem com mais do que simplesmente um relógio. Quando o CEO Tim Cook fez o discurso de lançamento, usou repetidas vezes as palavras "personal" e "intimate". No fundo, o que a Apple está fazendo é "asking you to strap a computer to your arm".

Wearable devices

O Apple Watch é a aposta da empresa de Cupertino na área de wearable devices, ou dispositivos vestiveis, se é que esta tradução é aceitável. Já existem inúmeras aplicações nesta área, como aquelas aplicadas a área de fitness e de saúde. Empresas como Nike, Fitbit, Jawbone e muitas outras já colocaram no mercado dispositivos que permitem monitorar o comportamento do seu corpo durante atividades físicas. A proposta da Apple é permitir o controle de um sem número de indicadores pessoais, como pressão, temperatura, batimentos cardíacos, nível de açúcar no sangue e muito mais. Definitivamente, ainda não temos uma visão clara do alcance do que vem pela frente.

Nesta primeira versão, a Apple disponibiliza versões adaptadas de famosos aplicativos como para previsão de tempo, valor de ações, o passbook, photos, mapas e muito mais. Tudo, é claro, conectado com um iPhone ao alcance para funções que necessitem de uma conexão com a Internet. Além disso, usando o app HomeKit, será possível controlar dispositivos domésticos como sua televisão, luzes da casa, termostato e muito mais. 

Uma das grandes novidades é o sistema de pagamento Apple Pay. A proposta aqui é deixar para trás os meios atuais de pagamento como cheques e cartões de crédito. Com o Apple Pay, basta usar o Apple Watch. Uma antena no iPhone 6, a tecnologia NFC (Near Field Communication) e a sua digital permitem que seja feito um pagamento sem questão de segundos.


Nem tudo são flores

No entanto, existem desafios pela frente. Até o momento, segundo a Time, a adoção dos wearables devices tem sido lenta. Os principais motivos seriam a questão estética e também uma questão pessoal. O uso de um dispositivo destes, monitorando informações pessoais e, evenvualmente as tornando disponíveis para uso por outra empresa, abre novas brechas em questões legislativas. Novos termos de uso serão necessários para que informações pessoais sejam compartilhadas.

Quanto a questão estética, aparentemente houve grande progresso. Os primeiros Smart Watches eram grandes e sem um estilo próprio. Os relógios da Apple vem com uma série de cuidados com relação ao design e tem grandes chances de tornarem-se objetos de desejo e até mesmo virar moda.

Aplicações no mundo corporativo

Um ponto ainda pouco explorado desta nova fronteira é o uso deste tipo de dispositivo no mundo corporativo. Durante o lançamento, o foco foi primordialmente o usuário final. No entanto, quando pensamos no uso de um Apple Watch, ou mais amplamente, em wearable devices, as aplicações são inúmeras. Na verdade, ainda nem conseguimos visualizar todas seus possíveis usos.

Faz poucas semanas, a IBM anunciou uma grande parceria com a Apple para o desenvolvimento de aplicações de negócio para os dispositivos da Apple. Na época, já era possível visualizar aplicações corporativas rodando em um iPad ou em um iPhone. Agora, abre-se uma nova janela. Por exemplo, aplicações que permitem o monitoramento de equipamentos em uma plataforma de petróleo podem ganhar em agilidade. Além disso, será possível monitorar as condições de saúde de um funcionário, mesmo em localidades remotas.

Concluindo, estamos sim vivendo um daqueles raros momentos em que a tecnologia pode transformar nosso estilo de vida e nosso ambiente de trabalho, da mesma forma como aconteceu com a chegada dos Computadores Pessoais, da Internet, das Redes Sociais e do iPhone. A era dos wearable devices chegou.

Se pensarmos no universo de possibilidades agora disponível vemos que muita coisa nova vem por aí. Somando tudo isso ao Watson, podemos ver enormes benefícios nas mais diversas áreas, como saúde, telecomunicações e muitas outras. 

Ainda segundo a Time, o grande paradoxo desta nova era está em que os dispositivos vestíveis te dão mais controle e, ao mesmo tempo, tiram. Será preciso, então, decidir quanto controle queremos, e quanto estamos dispostos a abrir mão.

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