quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Choque de Civilidade

Final de semana passada fui a praia de Ipanema com meu filho. Um dia de bastante calor mas com muitas nuvens no ceu, trazendo uma forte sensação de abafamento. A falta do sol afastou muitos banhistas. Na praia, ao menor indício de que alguem iria iniciar um "altinho" ou jogar frescobol, guardas municipais se aproximavam e, educadamente, explicavam que a prática não era permitida naquele local, apontando para as áreas onde seria possível jogar. Realmente educados, fazem parte da iniciativa de "choque de ordem" da prefeitura da cidade.

A situação me fez refletir... o "choque de ordem" existe exatamente por falta de civilidade. Se os frequentadores da praia tivessem um mínimo de noção de civilidade ele não seria necessário.

O que realmente precisamos é civilidade. É difícil, pois depende de educação desde criança, tanto na escola quanto dentro de casa. Em vez de investirmos em educação, temos que gastar com repressão. Seja nas praias, seja em clubes, restaurantes, cinemas, em qualquer lugar nota-se a falta de civilidade das pessoas.

É preciso que as autoridades entendam que civilidade é algo que deve fazer parte do currículo escolar. É preciso que as famílias entendam seu papel no processo de formação de cidadãos. Se cada um cumprir sua função teremos mais civilidade, melhores cidadãos e sobrará orçamento público para investimentos com maior retorno para a sociedade como um todo.

A prefeitura do Rio já entendeu que o choque de ordem sozinho não vai produzir resultados de longo prazo e também está investindo desde abril em um "choque de civilidade" (1) e (2). Com direito a cartilha e tudo, a idéia é de educar o povo, efetivamente construindo cidadãos mais completos e uma cidade mais agradável. A tarefa é hercúlea mas merece créditos. Nada de frescobol, altinho, cinto de segurança para todos os passageiros, nada de fumar em determinados locais e nem bicicleta fora da ciclovia na orla.

Este será o primeiro verão da civilidade. É um teste de fogo principalmente para o jeitinho carioca. Uma iniciativa de muito valor. Boa Sorte...

(1) http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/04/14/depois-do-choque-de-ordem-bethlem-anuncia-choque-de-civilidade-755263729.asp
(2) http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1656/um-choque-de-civilidade

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sobre Minaretes e Sinos

Um dos grandes desafios da história da humanidade sempre esteve ligado à (in)tolerancia religiosa. De tempos em tempos conflitos diretamente relacionados com a fé eclodem em um ponto ou outro do planeta. Não faltam exemplos.

Pois em pleno século XXI, ao mesmo tempo em que líderes mundias se reunem em Kopenhagen para discutir o clima, eis que surge mais um "conflito", bem alí ao lado, na Suiça. Lá vivem aproximadamente 350 mil muçulmanos que reunem-se, para orar, em cerca de 160 centros religiosos (dentre os quais, muitas mesquitas).

O problema começou quando outras parcelas da população sentiram-se incomodadas quando minaretes começaram a ser construidos. Os minaretes são torres, altas, usadas para convocar os crentes para as 5 orações diárias. No final do mês passado, em referendo, 57% dos eleitores suíços aprovaram a proibição da construção dos minaretes (1).

A ONU, diversos países europeus (2) e o próprio governo suíço manifestaram-se contra a proibição. Mas fica a polêmica...

Pra complicar, agora o presidente francês, Sarkozy, escreve um artigo para um jornal de grande circulação francês, dizendo que quem vem de fora tem que se adaptar e ser discreto...

Só fico imaginando igrejas católicas sem o seu sino, usado para convocar os fiéis... Não acredito em um futuro com progresso e civilidade sem que haja tolerância e respeito às opções individuais como as religiosas, por exemplo.

(1) http://newsforums.bbc.co.uk/ws/pt/thread.jspa?forumID=10532
(2) http://pt.euronews.net/2009/11/30/paises-europeus-criticam-proibicao-de-minaretes-na-suica/