terça-feira, 13 de março de 2012

Social Business & Michael Porter - Segunda Parte


Uma excelente matéria publicada semana passada no Jornal O Globo, e escrita por Carlos Alberto Teixeira, CAT, analisa de forma abrangente aqueles que estão se posicionando como os "Perdedores no mundo tech". Em um texto muito bem trabalhado e suportado por especialistas em estratégia ele mostra quais são os principais perdedores e analisa alguns dos motivos que os levaram por este caminho. Impossível não relacionar a matéria com o meu último post, onde falei sobre como o advento das tecnologias de Social Business está alterando, de forma direta, o equilíbrio das 5 forças de Porter em muitas indústrias.

O artigo relaciona, dentre os perdedores, Kodak, HP, Nokia e outros mais. Em comum, para todas elas, alguns fatos simples como manter uma distância grande em relação aos seus clientes ou ignorar a inovação com receio de matar a "galinha dos ovos de ouro".

Um dos casos que estudei em Boston foi o da Kodak. É realmente incrível ver a empresa que criou a fotografia digital simplesmente "sufocar" a inovação interna com receio de matar seu business de filmes fotográficos. Quando abriu os olhos e viu que tinha que tomar ações rápidas, era tarde demais. Perdeu a janela de entrar no mercado no momento certo e de se posicionar como líder e inovadora. Ficou literalmente com o seu "filme queimado". Pena, mas o mercado é cruel. 

O mesmo se passou com outras empresas. Em comum o fato de todas terem problemas de estratégia, agora facilmente identificados. Claro que na época em que as decisões foram tomadas não era tão simples assim. Por isso é preciso, sempre, ter uma visão muito clara de tudo o que está acontecendo não apenas na sua indústria, mas em outras, que em seu processo de transformação podem acabar por ampliar seu leque de atividades e "invadir sua praia".

Para isso, utilizar um framework sólido e bem estruturado para analisar decisões de estratégia é obrigatório e pode ajudar muito uma empresa tomar decisões que, se não 100% corretas, são, pelo menos, muito melhor estruturadas. O modelo das "5 Forças de Porter" é um deles. Não é o único. Outros trabalhos mais recentes como o de Peter Senge, a Quinta Disciplina, também abordam o tema, este último de forma mais sistêmica. Qualquer um deles pode ajudar e o importante é garantir ao máximo que estamos realmente analisando o que precisa ser analisado e, principalmente, no momento correto.

Em todos os casos analisados no artigo, observamos problemas relacionados com a sua estratégia (Kodak e Yahoo!), com inovação (Kodak, Nokia e Sony) e com comunicação interna (HP). A implementação de melhorias na comunicação interna, permitindo maior agilidade e suportando de forma mais ampla o processo de inocação, poderia ter ajudado e, potencialmente, evitado muito do que acabou por acontecer. A comunicação interna é uma poderosa ferramenta para trabalhar com a cultura corporativa, que tem um papel extremamente forte, ao direcionar a estratégia.

"Culture eats Strategy for lunch" é uma famosa frase norteamericana e que procura mostrar as dificuldades que uma empresa pode ter com sua estratégia, caso a mesma não esteja, de alguma forma, alinhada com a cultura da empresa. Podemos entender "Cultura" como sendo "uma mistura balanceada de psicologia humana, atitudes, ações e crenças que, combinadas, criam prazer ou dor, bons momentos ou estagnação completa. Uma Cultura forte surge quando existe um conjunto claro de valores e regras que ativamente guiam a operação de uma empresa. Os funcionários estão ativa e apaixonadamente engajados no business da empresa e trabalham com confiança e com o poder necessário (empowerment), ao contrário de seguir regras burocráticas... de forma a atingir novos níveis de Inovação". Esta definição, publicada recentemente no Expert Blog, da revista FastCompany, mostra claramente vários dos pontos que Social Business promete abordar. Notem que o componente "psicologia humana" é mencionado. Mais uma vez, uma Rede Social Corporativa é um projeto que tem um Fator Humano muito forte, ligado com a Cultura Corporativa.


Uma Rede Social Corporativa oferece vantagens significativas para uma empresa qualquer como maior agilidade na comunicação, maior transparência, melhor suporte a colaboração interna e externa, e muito mais. Claro que não podemos afirmar que uma RSC poderia (ou pode) evitar os problemas pelos quais as empresas citadas no excelente artigo do CAT passaram. Mas podemos afirmar sim que a implementação de uma RSC pode suportar uma Estratégia Corporativa de forma mais ampla e segura, auxiliando os líderes a construir uma empresa forte em termos de estratégia e respeitando sua cultura.

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