Nos últimos anos a Islândia passou por momentos bem complicados... Primeiro, uma crise financeira levou o pais à falência, com a quebra e estatização de vários bancos. Logo depois, voltou às manchetes devido a fumaça de um de seus vulcões, que paralisou o tráfego aéreo na europa. Ficava a impressão que literalmente havia uma "nuvem preta" pairando sobre a ilha.
Agora eles voltam às manchetes, mas de uma forma positiva. Com uma Constituição antiga, de 1944, que na realidade foi copiada, e empurrados pela crise financeira recente, que originou uma crise governamental, o país decidiu escrever uma nova. A grande novidade é que abriu espaço para contribuição dos seus cidadãos, a partir de Redes Sociais públicas.
O trabalho começou no final do ano passado quando o país criou um Fórum Nacional para discutir o tema. Para escolher os 950 participantes do Fórum, foi feito um sorteio entre os eleitores do país. A primeira parte do trabalho foi analisar os princípios básicos da nova constituição, em um documento de 700 páginas. Um dos pontos mais fortes estava relacionado com a abertura e transparência e, por isso, no início deste ano, resolveram usar a Internet.
Durante 4 meses, o comitê criado para trabalhar no projeto, composto por 25 membros eleitos, recebeu cerca de 3.500 sugestões e comentários, abordando assuntos diversos como direitos humanos, eleições, uso de recursos naturais e política externa. As sugestões eram enviadas diretamente pelo Facebook, o Twitter ou no site da Constituinte (1). O documento foi criado de forma colaborativa e passou por 16 revisões. Toda a população pode acopanhar o processo pelo site do governo. A versão final deste projeto foi entregue sexta-feira passada, 29 de Julho, ao Parlamento e agora vai para sua análise. Pode, ainda, passar por um referendo antes de ser oficialmente publicada (2)
Trata-se de um exemplo fantástico de como as Redes Sociais podem (e devem) ser usadas para o bem comum. Um real exemplo de democracia. Claro que isso levanta outras questões... A Islândia é um país pequeno, com uma população pequena e ao mesmo tempo engajada politicamente. Além disso, 100% de sua população tem acesso à Internet e 80% dos adultos tem perfis no Facebook. Desta forma, abrir esta "porta" é efetivamente uma forma da população participar. Em outros países, como o Brasil, por exemplo, em que o acesso a Internet ainda é limitado, este modelo não garantiria, necessariamente, uma boa representatividade. No entanto, é uma mostra clara do que pode ser feito usando Redes Sociais públicas.
O mesmo modelo já vem sendo usado em diversas empresas. A IBM, por exemplo, usou um JAM em 2003 para redefinir, pela primeira vez em quase 100 anos de existência, seus valores. Dezenas de milhares de IBMistas de todo o mundo participaram, durante 72 horas, de uma sessão de colaboração para definir quais seriam os principais valores a representar a empresa.
Usar Redes Sociais para colaboração aberta é uma das mais fortes tendencias que se pode observar. Tanto em empresas quanto em governos, a idéia é abrir um canal fácil, seguro e até mesmo auditável, quando necessário. Seguramente ainda temos muito o que evoluir neste caminho, mas parace algo "sem volta".
Mais um belo exemplo de Smarter Planet!
(1) http://www.stjornlagarad.is/english/
(2) http://abcnews.go.com/Technology/wireStory?id=13798721
(2) http://abcnews.go.com/Technology/wireStory?id=13798721