A Indústria de Tecnologia da Informação (TI) é, seguramente, uma das mais dinâmicas. Em parte, pode-se atribuir esta característica ao fato dela ser composta e sofrer influência direta de diversas outras indústrias que tem se desenvolvido muito nas últimas décadas, como a das telecomunicações e eletrônica, por exemplo. É interessante notar, porém, que ao mesmo tempo em que ela avança junto com outras indústrias, ela também se desenvolve utilizando-se de "temas"... como Web 2.0 ou SOA, por exemplo, que são os mais atuais.
Esta característica, de ser uma “Indústria Temática”, pode ter sido uma grande sacada de marketing. De fato, em alguns momentos temos a clara percepção de que o conteúdo do que estamos avaliando é muito similar a algo já visto antes, com um tempero diferente. O fato, no entanto, é que esta indústria passou a trabalhar mais fortemente com "temas" a partir do final dos anos 80/início dos anos 90, com o surgimento da microinformática.
O período AT (Antes dos Temas)
Antes desta transformação, era uma indústria hermética, fechada que tinha como característica ser voltada para as grandes empresas, fornecendo ítens de infraestrutura, como mainframes, super-minis computadores e unidades de armazenamento.
Os primeiros Temas
Com o surgimento dos microcomputadores, na década de 80, e com o aumento do uso dos “micros” por empresas de todos os portes e por pessoas físicas, apareceu o primeiro tema , o da "Computação Pessoal". A mídia passou a explorar o assunto como algo revolucionário e a indústria se beneficiou enormemente, pegando uma carona para o que realmente foi uma revolução, com a venda de centenas de milhares de computadores pessoais. Era a época do "Personal Computer". O equipamento chegou a ser capa da Time..
Logo em seguida, com o surgimento das "redes locais", veio o tema de "Trabalho em Grupo" (workgroup). A Lotus (mais tarde comprada pela IBM), foi a primeira empresa a lançar um produto para o mercado corporativo para explorar este tema. Lançou em 1989 o Lotus Notes, que permitia a troca de emails e a colaboração em grupos de trabalho, através do uso de aplicações especialmente desenvolvidas.
A Microsoft também aderiu à idéia e lançou uma versão especial do Windows, o Windows for Workgroups, em outubro de 92, que incorporava recursos para trabalho em pequenas redes locais. A versão vendeu bastante e se tornou um dos sistemas operacionais de sucesso da época, apesar das inúmeras limitações.
Ainda estavamos no início da década de noventa e o mercado assistia a uma chuva de produtos que tinham como proposta principal explorar o Trabalho em Grupo.
Os temas chegam ao mundo corporativo
Logo em seguida a IBM lançou um novo tema no mercado, o eBusiness. Todos os grandes projetos da empresa passaram a ter esse tema como central. E basicamente a idéia era de que seria possível "tocar" todo um negócio utilizando-se de ferramentas de TI. Seria a solução definitiva para áreas tão distintas como bancos-de-dados, correio eletrônico e gestão de projetos. Novamente surgiram inúmeras soluções no mercado, de diversos fornecedores, literalmente inundando as empresas com as soluções mais distintas. Era o início da popularização da Indústria de TI no ambiente corporativo.
O crescimento no uso dos recursos de TI, com a campanha de eBusiness, trouxe novos e maiores desafios. Mais uma vez coube à IBM trazer um novo conceito, o de On Demand. Sua proposta é a de tranformar as empresas em organizações mais ágeis, mais responsivas e, consequentemente, mais competitivas em um mercado onde vantágens nascem e morrem em meses. A idéia é que os recursos de TI possam ser usados de forma similar ao que usamos, por exemplo, a luz em nossa casa... quando necessitamos, ou seja, "sob demanda".
Os desdobramentos desta idéia são muitos e vão desde o uso e respectivo pagamento proporcional ao consumo até a um gerenciamento macro dos recuros de uma empresa, formando um "grid" de componentes que possam ser melhor utilizados pelos diversos departamentos. Na época de lançamento da campanha “On Demand”, a IBM colocou anúncios de página dupla nos principais jornais americanos para explicar o tema. E não eram simplesmente anúncios em jornais da Indústria de Tecnologia, mas em jornais populares, o que demonstra claramente a importância da difusão da idéia do tema pelo público mais variado. A idéia por trás deste movimento, mais do que simplesmente lançar um novo tema, era de se posicionar como “a lançadora” do tema, como uma empresa que está na liderança da indústria.
Os Temas atuais
Mais recentemente surgiram novos temas, como SOA, Service Oriented Architecture, e Web 2.0. E mais uma vez, a indústria toda veio atrás e os principais players como HP, Oracle, SAP também passaram a explorar o assunto.
Diz a lenda que o termo “Web 2.0” foi cunhado em 2003, durante uma sessão de brainstorming patrocinada pela empresa O’Really. Seu pai chama-se Dale Dougherty, então o VP de Media da empresa.
Na prática, o conceito de uma segunda versão para a WWW foi motivado por diversas análises do cenário da época. Em linhas gerais, duas foram as principais características. A primeira delas, o “estouro da bolha” em 2001. O consenso era de que este estouro marcou o final da primeira fase da Internet como a conheciamos. Ele representava o amadurecimento de uma “tecnologia”, o “rito de passagem” para uma nova fase, a sua “nova versão”.
A segunda grande característica é que nesta nova “versão” a WWW seria mais interativa, mais social, em contrapartida à primeira fase, onde os sites eram estáticos, a maioria escritos em uma linguagem padrão e simples. Com o surgimento de novas tecnologias foi possível criar novos sites com serviços interativos, blogs, redes sociais, comunidades, etc. Fortes players desta fase são a Google, o Orkut (hoje da Google), o MySpace e outros mais.
Um bom exemplo de um site em “Web 2.0” e ao mesmo tempo um diretório de empresas com ofertas para este ambiente é o “Go2Web20” (http://www.go2web20.net/). Desde sua construção até seu conteúdo, tipicamente é um bom exemplo da proposta de Web 2.0. Outro claro exemplo é o Google Maps (http://maps.google.com/), hoje utilizado em conjunto com outros sites e soluções naquilo que foi batizado de “Mashup”, onde o conteúdo do Google Maps é usado, por exemplo, para localizar uma determinada loja. Diversos sites de lojas e empresas usam esse recurso. Para dar um último exemplo, a Wikipedia, (www.wikipedia.com), uma mega “enciclopédia” do mundo virtual.
Temas, temas e mais temas...
Parece que, neste exato momento, estamos surfando esta nova onda, da Web 2.0. Será que já estamos usufruindo de todos os seus benefícios? Será que muitos deles vão simplesmente desaparecer em um processo de seleção natural?
Qual será o novo grande Tema desta indústria? Quando ele será lançado? As apostas são as mais variadas, mas usualmente apontam para “WiMax”, “Redes Sociais 2.0” e outros mais. O fato é que definitivamente esta é uma indústria marcada por Temas, que vem se renovando nos últimos 20 anos e apontando o futuro da “Tecnologia da Informação”.
No fundo, talvez, IT represente mesmo uma “Indústria Temática”...