quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

One Size Fits All ou "por que alguns produtos simplesmente não servem para tudo"


"One Size Fits All" é o nome de um álbum lançado por Frank Zappa e The Mothers of Invention em 1975. Para os apreciadores da obra do artista, é uma de suas melhores obras. Para nós, reles mortais, é uma expressão que indica que uma peça de vestuário é produzida em um único tamanho, que deve servir para todos. A expressão é utilizada de forma ampla para indicar um produto que "serve pra tudo". Não é diferente em nossa indústria onde, volta e meia, esbarramos com um destes "maravilhosos" produtos. O QTN é a bola da vez.

Lançado no início do século, logo depois da "bolha da Internet", tinha como proposta original gerenciar documentos. Com o passar dos anos, o mercado foi descobrindo novos caminhos e o produto foi sendo utilizado para desenvolver portais, intranets e muito mais. A cada nova "onda", uma nova função era atribuida ao produto que, hoje, em tese "faz tudo". É o Bombril da Tecnologia da Informação. Algo que teria um espaço de destaque no "cinto de utilidades" do Batman e, seguramente, no arsenal do MacGyver. Mas será que é mesmo? Será que um produto pode sofrer tantas alterações durante anos no mercado sem pagar um preço por isso? Pior, será que podemos confiar no seu roadmap? Se ainda não conhecemos a próxima onda do mercado, podemos colocar nossos ovos todos nesta mesma cesta?

Esta é uma pergunta respondida por inúmeros analistas de mercado. Apesar das dificuldades inerentes às  previsões, imortalizada na frase atribuida ao físico Niels Bohr "fazer previsão é muito difícil, principalmente sobre o futuro", o final de 2012 e o início de 2013 começa com previsões não muito positivas para este bombril, vindas de profissionais que acompanham o mercado.

Por que o futuro não parece mais tão brilhante como parecia? Os motivos são simples:
  1. Roadmap - Até o momento foram tantas alterações no produto, tantas mudanças de planos, que fica difícil acreditar em algum roadmap. Roadmap, por definição, é para quem tem planos e, principalmente, para quem os segue.
  2. Desenvolvimento - A proposta de servir para tudo faz com que o usuário seja obrigado a pagar a conta. Qualquer customização demanda um esforço grande de desenvolvimento. O que era para ser simples, agora demanda tempo, esforço e, principalmente um enorme custo "invisível".
  3. Integração - Conhecendo melhor suas (segundas) intenções, o esforço necessário para integrar o produto com outras tecnologias é enorme. Se sua plataforma conta com tecnologias de vários fornecedores, caso bastante comum, esqueça. O esforço de implementação, integração e manutenção são proibitivos (se são feitas as contas corretas, claro).
  4. Suporte - Imagine a organização de Suporte. A demanda, ao longo do tempo, passou de um suporte com escopo limitado para algo mais amplo, envolvendo integração com outros produtos e desenvolvimento.
  5. Outros - Em que plataformas ele roda? Em ambientes de alta disponibilidade ele fica bem? Oferece um bom nível de serviço? Suporta dispositivos móveis de qualquer fornecedor com qualquer sistema operacional?

A melhor tradução para Roadmap, no mercado de tecnologia, em minha opinião, é "respeito". Conheça o roadmap dos produtos que pretende utilizar. Mais do que isso, saiba quais os mecanismos que você tem para influenciar neste plano, dando sugestões, participando ativamente. Os investimentos em tecnologia, usualmente, são elevados tanto no início do projeto quanto no longo prazo. Ouça os analistas de mercado, mas saiba que usualmente as suas análises são mais genéricas e que seguem algumas tendências, e isso é natural. Faça sua análise levando em consideração o seu ambiente e as suas necessidades específicas.

MacGyver marcou uma geração fazendo com que todos acrecitassem que dava pra resolver qualquer coisa com um clips e um elástico. Sabemos que o mundo real é um pouco diferente.

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