Agência do China Post em Yin Chuan |
Em janeiro
de 1986 passei um período de 3 meses na Alemanha, trabalhando na Siemens, em
Munique. Lembro-me claramente daquele inverno. Saí do Rio de Janeiro com uma
temperatura de 42 graus e cheguei em Munique debaixo de uma nevasca que
congelou a cidade, com termômetros chegando a -20 graus. Também me recordo de
como eu me comunicava com a família e com minha namorada, atualmente minha
esposa. Basicamente havia apenas duas formas. Eu podia enviar uma carta (ou um
cartão postal) ou podia ligar (ok, também podia mandar um telegrama, mas isso já
era relativamente pouco comum para uso pessoal). Escrevi várias cartas, que
demoravam em torno de uns 10 dias para chegar no destinatário. As ligações, a
maioria delas fazia de um telefone público, pagando com moedas de 5 Marcos alemães
por cada minuto.
Quase 30
anos depois, o mundo mudou completamente. As longas cartas escritas a mão se transformaram
em emails. As caras ligações telefônicas, que me obrigavam a carregar várias moedas,
se transformaram em chamadas via sistemas baseados em IP como o Skype ou o IBM
SUT (IBM Sametime Unified Telephony). Os tradicionais cartões postais se
transformaram em fotografias digitais, de minha autoria, personalizadas, e
compartilhadas instantaneamente com amigos e com a família via Instagram e
Facebook. Isso sem falar no WhatsApp, YouTube, Pinterest e outras tecnologias já disponíveis.
Com este
cenário em mente, hoje decidi fazer uma experiência e enviar um cartão postal
para minha família diretamente de Yin Chuan, interior da China. O primeiro desafio foi encontrar um cartão postal. Como não
estou em um grande centro, a tarefa foi bem complicada. Acabou que consegui um
do próprio hotel, mas não foi fácil. Não vi absolutamente nenhum a venda pela
cidade.
O segundo
desafio foi encontrar uma agência dos correios. Com a ajuda sempre solicita da
recepção do hotel consegui localizar a mais perto, que fica a apenas 5 quadras.
Finalmente,
a etapa mais importante, enviar o cartão. A agência é bem grande e,
aparentemente, bastante usada, principalmente para envio de pacotes. Havia
dezenas de pessoas mandando pequenos pacotes. Ninguem falava inglês e,
portanto, tive que “usar a pista toda” na linguagem dos sinais. Quando
entenderam que eu queria mandar uma carta para o Brasil ficou fácil. Fizeram
uma pesquisa, descobriram a tarifa e me venderam 3 selos de 2 RMBs cada... valor total de pouco menos que 3 Reais. Colocado o cartão na caixa de correio, a primeira
etapa da missão estava cumprida. Agora é esperar e ver quanto tempo vai demorar
(se chegar, é claro).
Funcionários do China Post selecionando os selos para minha correspondência |
Última etapa, colocar a carta na caixa dos correios |
Confesso
que foi uma experiência bem interessante. Uma vez que nos acostumamos a usar as
novas tecnologias de comunicação, ter que usar os correios para enviar um cartão
postal me pareceu bem pitoresco, quase que uma visita a um museu. Todas estas
transformações vem contribuindo para que aquele longínquo inverno de 1986, antes da queda do muro de Berlin, fique
cada vez mais, literalmente, no século passado.