terça-feira, 27 de agosto de 2013

Enviando Cartões Postais na época das Redes Sociais

Agência do China Post em Yin Chuan
Em janeiro de 1986 passei um período de 3 meses na Alemanha, trabalhando na Siemens, em Munique. Lembro-me claramente daquele inverno. Saí do Rio de Janeiro com uma temperatura de 42 graus e cheguei em Munique debaixo de uma nevasca que congelou a cidade, com termômetros chegando a -20 graus. Também me recordo de como eu me comunicava com a família e com minha namorada, atualmente minha esposa. Basicamente havia apenas duas formas. Eu podia enviar uma carta (ou um cartão postal) ou podia ligar (ok, também podia mandar um telegrama, mas isso já era relativamente pouco comum para uso pessoal). Escrevi várias cartas, que demoravam em torno de uns 10 dias para chegar no destinatário. As ligações, a maioria delas fazia de um telefone público, pagando com moedas de 5 Marcos alemães por cada minuto.

Quase 30 anos depois, o mundo mudou completamente. As longas cartas escritas a mão se transformaram em emails. As caras ligações telefônicas, que me obrigavam a carregar várias moedas, se transformaram em chamadas via sistemas baseados em IP como o Skype ou o IBM SUT (IBM Sametime Unified Telephony). Os tradicionais cartões postais se transformaram em fotografias digitais, de minha autoria, personalizadas, e compartilhadas instantaneamente com amigos e com a família via Instagram e Facebook. Isso sem falar no WhatsApp, YouTube, Pinterest e outras tecnologias já disponíveis.

A carta, com o cartão postal no interior,
já selada e preparada para envio
Com este cenário em mente, hoje decidi fazer uma experiência e enviar um cartão postal para minha família diretamente de Yin Chuan, interior da China. O primeiro desafio foi encontrar um cartão postal. Como não estou em um grande centro, a tarefa foi bem complicada. Acabou que consegui um do próprio hotel, mas não foi fácil. Não vi absolutamente nenhum a venda pela cidade.

O segundo desafio foi encontrar uma agência dos correios. Com a ajuda sempre solicita da recepção do hotel consegui localizar a mais perto, que fica a apenas 5 quadras.

Finalmente, a etapa mais importante, enviar o cartão. A agência é bem grande e, aparentemente, bastante usada, principalmente para envio de pacotes. Havia dezenas de pessoas mandando pequenos pacotes. Ninguem falava inglês e, portanto, tive que “usar a pista toda” na linguagem dos sinais. Quando entenderam que eu queria mandar uma carta para o Brasil ficou fácil. Fizeram uma pesquisa, descobriram a tarifa e me venderam 3 selos de 2 RMBs cada... valor total de pouco menos que 3 Reais. Colocado o cartão na caixa de correio, a primeira etapa da missão estava cumprida. Agora é esperar e ver quanto tempo vai demorar (se chegar, é claro).
Funcionários do China Post selecionando os selos
para minha correspondência

Última etapa, colocar a carta na caixa dos correios
Confesso que foi uma experiência bem interessante. Uma vez que nos acostumamos a usar as novas tecnologias de comunicação, ter que usar os correios para enviar um cartão postal me pareceu bem pitoresco, quase que uma visita a um museu. Todas estas transformações vem contribuindo para que aquele longínquo inverno de 1986, antes da queda do muro de Berlin, fique cada vez mais, literalmente, no século passado.

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