quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Redes Sociais na China, Parte 2: Baidu, Weibo e Taobao

Em meu último dia na China, decidi almoçar em um restaurante em um hutong, em Beijing. Estas áreas urbanas tem quase mil anos e inicialmente tinham como finalidade ser a residencia de habitantes da cidade. Atualmente, no entanto, o comércio é amplamente explorado para atender as hordas de turistas que visitam estas estreitas ruas diariamente. Esta era a segunda vez que eu visitava um hutong e, para minha surpresa, a região estava quase deserta, não fosse a presença de alguns idosos que se dedicavam a jogar xiangqi, o xadrez chinês e a fumar seus cigarros. 

Lá estava eu, tranquilamente almoçando, quando chega um entregador de pacotes. O garçom abriu cuidadosamente uma caixa na mesa ao meu lado. Era uma caixa normal, de papelão, como as que estamos acostumados a receber quando compramos online. Lá dentro, depois de remover alguns kilometros de plástico bolha, três livros chineses. Detalhe, o entregador usava um camisa roxa onde se lia claramente, "Amazon.cn". Dezenas de milhões de chineses utilizam a Internet diariamente para comprar absolutamente de tudo um pouco, desde livros até equipamentos eletrônicos, remédios, produtos alimentícios e tudo mais que se possa imaginar. E como comprar online na China?

Taobao

Taobao é a plataforma para compras online mais popular no país. Fundada em 2003 pelo grupo Alibaba, com foco em C2C (Consumer to Consumer) em dois anos já era a principal plataforma de compra e venda online no país. Números atuais (não oficiais) apontam para mais de 500 milhões de usuários registrados e mais de um bilhão de produtos disponíveis. É comparável em funcionalidade a Amazon.com e ao Mercado Livre. O Taobao funciona como um Marketplace onde qualquer um pode colocar produtos a venda, tanto novos como usados, e os vendedores podem ser avaliados pelos compradores, algo muito valorizado pelos usuários do site. 

Com o Taobao, se você tem um pequeno comércio, pode abrir a sua loja online e alcançar centenas de milhões de potenciais compradores instantaneamente. A empresa também incorporou uma ferramenta de chat para permitir a comunicação entre vendedores e compradores onde é possível esclarecer dúvidas e adicionar detalhes sobre a compra. No Taobao também se pode vender diretamente ou via leilões, mas pelo que entendi não são muito populares por aqui.

TMall

Poucos anos depois, em 2008, a empresa fundou o Talbao Mall, agora com o objetivo de oferecer uma plataforma B2C (Business to consumer). Da mesma forma que em outros países, muitas vezes é mais fácil encontrar produtos online do que em lojas físicas. Durante minha estada quis comprar alguns ítens online, como a camisa de um clube de futebol da China. Visitei o site do clube, muito bem feito, diga-se de passagem, e, quando você entra na área de compras online é direcionado para a página do clube no TMall, diretamente, sem dificuldade alguma. Já no TMall, você pode obter informações adicionais sobre o produto desejado e concluir a transação. No caso da camisa do clube, vai ficar para a próxima pois o produto estava sold-out (o clube é o atual campeão chines e a procura deve estar em alta). Aproveitei para comprar outros ítens, confesso que mais para testar o processo, e me surpreendi positivamente com uma entrega em apenas dois dias.


Alibaba x Tencent

Segundo estudos da McKinsey, o comércio eletrônico na China vai movimentar aproximadamente US$ 395 bilhões em 2015. O Grupo Alibaba esta pronto para fazer seu IPO e as estimativas apontam para um valor inicial de cerca de US$ 105 bilhões.

Ma engana-se quem pensa que este enorme mercado online chines goza do equilíbrio e da paz típicas dos mosteiros tibetanos. Ele vem atraindo fortes players e causando, nos bastidores, uma enorme guerra entre dois dos principais grupos online do país, o Alibaba (comércio eletrônico)  e a Tencent (redes sociais, comunicação e portal online). Como vimos no post anterior, a Tencent é a fundadora do QQ e do WeChat e é extremamente poderosa nas redes sociais. Com mais de 300 milhões de usuários no WeChat, a Tencent vem tentando obter participação nas transações online, terreno dominado pelo Alibaba. E a briga entre os dois é pesada. No início do mês passado o grupo Alibabá proibiu seus usuários de efetuar pagamentos utilizando a recem anunciada plataforma de pagamentos via WeChat. A justificativa foi que alguns usuários do Taobao estavam finalizando suas transações pelo WeChat para evitar o pagamento da comissão devida ao grupo. A briga promete continuar, na medida que os dois grupos vem tentando ganhar mais espaço nas transações financeiras na China.

Um pouco mais sobre as Redes Sociais

Além redes apresentadas no último post, como o RenRen, o QQ e o WeChat, e das plataformas de comércio eletrônico, na China ainda temos os equivalentes ao Google e ao Twitter. 

Baidu

O Baidu é o correspondente local do Google. Tem uma interface similar e funciona da mesma forma. Não sei dizer se os algorítmos de pesquisa são equivalentes, mas pelo que percebi funciona da mesma forma e oferece as mesmas funcionalidades de busca avançada. É fácil de usar e bem intuitivo para quem já usa o Google.
Weibo

O Weibo é o twitter local e, da mesma forma que seu similar ocidental, permite o compartilhamento de informações com até 140 caracteres. 


Concluindo

As Redes Sociais na China são uma potencia e são frequentadas diariamente por centenas de milhões de chineses que as usam para simplesmente tudo. Atualmente, o WeChat é o grande destaque e vem crescendo muito. A disputa pela liderança é forte pois o tamanho do mercado é enorme. Vamos acompanhar os próximos capítulos.a

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