quarta-feira, 28 de maio de 2008

Viacom X Google - Nova batalha, Velhos juízes

Nos últimos dez anos, poucas empresas tiveram um crescimento tão grande e rápido quanto a Google. Por qualquer métrica que se analise, o crescimento é assustador: número de clientes, faturamento, valor de mercado, carteira de produtos, aliados e inimigos... Sim, inimigos, muitos inimigos... Muitos sentiram-se incomodados com o seu crescimento. Alguns simplesmente adaptam-se ao novo mundo. Mas outros, decidiram ir "às vias de fato" para, se não conquistar parte do seu império, pelo menos tentar reduzir seu crescimento. Pois o adversário da vez é a Viacom, que moveu uma ação contra a Google em março do ano passado, queixando-se de que a Google, atraves da YouTube, estaria infringindo direitos autorais de sua propriedade. E agora, sexta passada, dia 21, a Google respondeu formalmente...

A Disputa

A Viacom é uma das maiores empresas do mundo no ramo de conteúdo de entretenimento. Seja via televisão, cinema ou qualquer outro meio digital, eles são os responsáveis por entregar conteúdo da MTV, Paramount Pictures e DreamWorks, para citar alguns... Estão presentes em mais de 160 paises, são proprietários de aproximadamente 160 canais de televisão e mais de 300 empresas de mídia digital. Seu faturamento no primeiro quartil deste ano cresceu 15% ano-a-ano, atingindo US$ 3.12 bilhões (1). É uma empresa grande...

A disputa está diretamente relacionada com o YouTube, empresa que foi comprada pela Google em novembro de 2006. Apenas como curiosidade, o YouTube, hoje, não dá lucro algum para a Google, que a considera "immaterial"... o custo estimado diário de uso de rede pelo YouTube está em US$ 1 milhão! (2)

A queixa da Viacom é que material deles está sendo divulgado pelo YouTube infringindo direitos autorais... Segundo a ação, mais de 160 mil clips de propriedade da Viacom foram parar no YouTube e que teriam sido vistos mais de 1.5 bilhão de vezes... a acusação é séria em qualquer lugar do mundo e a luta que vem pela frente é grande. É uma luta simbólica que está colocando de um lado a Google, defendendo a anarquia, a liberdade total da Internet e do outro a Viacom, defendendo a aplicação de princípios de direitos autorais. E a discussão é muito complexa.

DMCA (Digital Millennium Copyright Act)

Para se entender um pouco melhor esta disputa, é importante saber que em 1998, foi promulgada uma lei nos EUA para proteger os Direitos Autorais, em um momento em que a pirataria estava crescendo de forma acelerada. É uma lei muito controversa, que foi muito discutida na época mas que foi aprovada e está em vigor desde então. A Viacom está usando esta lei para processar a Google, dizendo que conteúdo de sua propriedade está sendo livremente divulgado pelo YouTube.

O ponto é que esta mesma lei estabelece uma regra graças a qual serviços como o YouTube podem existir livremente... Basicamente, a brecha permite a existência destas empresas obriga seus gestores a responder rapidamenta em qualquer caso em que seja levantado questionamento sobre algum conteúdo disponível estar infringindo direitos autorais. Na época foi incluida esta brecha na lei para permitir que criadores de conteúdo tivessem ambientes onde pudessem legitimamente publicar seu conteúdo. O argumento era "porque penalizar centenas de milhares ou até mesmo milhões de potenciais criadores de conteúdo no mundo todo que gostariam de publicar livre e legitimamente sua produção se podemos incluir alternativas para proteger aqueles que dependem dos direitos autorais?".

E, aparentemente, a decisão de promulgar a lei sssfoi correta. Basta ver a fantástica quantidade de material que foi e é criado diariamente e colocado no YouTube. E esta produção tem um valor absolutamente incrível, representando uma mudança comportamental e cultural de toda uma geração, que usa o serviço abertamente.

O argumento da Viacom é que a Google é responsável pelo conteúdo publicado no YouTube. Guardando as devidas proporções, é quase como dizer que a Oi ou a Embratel é responsável pelas conversas dos seus assinantes e usuários... ou seja, a acusação coloca as operadoras de telefonia, de cabo e provedores de internet em uma situação muito ruim. É claro que usuários fazem upload de arquivos que podem conter pedaços de arquivos que são de propriedade da Viacom... mas, quantas vezes a Viacom questionou legitimamente a Google para que tirasse do ar conteúdo de sua propriedade?

Uma ameaça a Internet?

A estratégia da Google é colocar esta ação como uma ameaça a Internet como a conhecemos. E está dando certo... já conseguiu inúmeras adesões ao seu "argumento". Analisando-se friamente o caso, realmente a ação ameaça a Internet no que diz respeito a ambientes para publicação e divulgação de conteúdo. Caso a Viacom ganhe a parada contra a Google, o caminho natural vai ser o de simplesmente fechar o YouTube. E a consquencia vai ser que milhões de produtores de conteúdo não vão mais ter este espaço para compartilhar sua produção. Ruim, muito ruim mesmo. E, o pior é que esta decisão pode e vai servir de jurisprudência para inúmeras outras.

Apenas para manter a análise na Google, outras duas unidades de negócio também já estão sendo questionadas duramente... o Orkut, por "manter um ambiente tão livre que incentiva" o surgimento de grupos discriminadores, reacionários, pedófilos, etc, e a Google Maps, onde usuários tem se sentido "invadidos em sua privacidade" ao terem fotos de suas residências publicadas na Web...

Web XXI

Será que estamos assistindo a mais uma transformação a nossa volta? Aparentemente sim... as novas tecnologias tem permitido o surgimento de novos serviços. Inegável seu valor. No entanto, ao mesmo tempo, estes novos serviços ainda encontram e conflitam diretamente com antigos conceitos sociais. Pessoas que cresceram em um ambiente pré-internet sentem-se invadidas, ameaçadas... empresas, mesmo algumas pós-internet, também sentem-se lesadas.

O ponto é que as regras hoje existentes em nosso mundo precisam ser revistas perante o novo cenário que se está construindo. E rápido... pois a Justiça que julga estas disputas, ainda é a da era pré-internet, com conceitos antigos e inapropriados para o mundo da Web XXI. Ou seja, assistimos a uma Nova Batalha, com Velhos Juízes...

(1) http://www.viacom.com/investorrelations/Investor_Relations_Docs/Q1%202008%20Earnings%20Release%20FINAL.pdf

(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Youtube

domingo, 25 de maio de 2008

Social Networks 2 - A Visão do Fornecedor

Este é o segundo post da série de 3 analisando por diversas óticas o tema "Social Networks". Este post aborda a visão de um fornecedor de tecnologia. O primeiro foi publicado em 7 de maio (1)

O conceito de Social Networks, em termos corporativos, está diretamente relacionado com:
  1. Gestão de Conhecimento
  2. Colaboração
  3. Inovação
Gestão de Conhecimento

Há aproximadamente 15 anos o Chase Manhattam, famosa instituição norte-americana, enfrentava um grande desafio. Um número crescente de antigos funcionários entrava em idade de aposentadoria e deixavam a empresa. Junto com eles, todo um conhecimento armazenado por décadas ia embora. Alguns passariam a se dedicar a pescarias, viagens e outros hobbies. Outros, porém, continuariam de alguma forma no mercado e podiam levar informações e idéias para concorrentes. Grande desafio...

Uma das táticas adotadas pelo banco foi a de literalmente pagar para seus funcionários para que eles registrassem seus conhecimentos antes de sair. Acabou virando case de Gestão de Conhecimento, citado em qualquer MBA que se preze.

E despertou grande atenção ao tema... Gestão de Conhecimento passou a ser um tema cada vez mais importante em grandes empresas. Diversos pesquisadores passaram a se dedicar ao tema e a técnicas, metodologias e sistemas que pudessem documentar ou registrar conhecimento.

Pois uma das propostas de Social Networks é exatamente a de criar um ambiente onde conhecimentos possam ser registrados e documentados "para sempre". O interessante é que as pessoas tem um relacionamento diferente com as Redes Sociais e, por natureza, uma tendência a desejarem "fazer parte da rede" e, conseqüentemente, a registrar as informações.

Se isso vai garantir ou não que serão bem usados no futuro isso é outra história mas, de qualquer forma, já não seria necessário pagar para o registro das informações.

Colaboração

As pessoas simplesmente não colaboram sem que se conheçam... será que isto é verdade? Aparentemente sim. Estudos recentes mostram que pode até haver troca de informações entre pessoas envolvidas em um projeto ou estudo, mesmo morando em cidades ou países distintos. No entanto, para Colaborar a história é bem diferente... É preciso confiança, sentimento de compartilhar um objetivo comum.

Novamente entra em cena o conceito de "Social Networks". A idéia é que ela cria um ambiente onde pessoas podem literalmente se conhecer. Um dos principais componentes de uma rede social é o espaço onde os integrantes podem colocar informações sobre eles mesmos, também conhecido como Profile. E a idéia é não limitar as informações lá registradas a somente àquelas relacionadas com o ambiente profissional... as pessoas são incentivadas a incluir detalhes sobre seus hobbies, filmes preferidos, etc.

Na IBM, por exemplo, este profile é conhecido por BluePages. Ali podem ser encontradas as mais variadas informações sobre cada pessoa... dados profissionais, histórico acadêmico, hobbies, línguas faladas, interesses, etc... é possível encontrar as informações mais diversas sobre cada IBMista no mundo todo. E, com uma pesquisa simples e poderosa, podemos em questão de segundos estar em contato com uma pessoa do outro lado do mundo que tenha o conhecimento que desejamos.

A partir daí, podem ser criadas comunidades (Communities) de interesse ou de prática. E temos um ambiente perfeito para colaboração, para times de projetos ou simplesmente para profissionais que compartilham algum interesse comum.

Inovação

Com a globalização cresceu a competição entre empresas no mundo todo... enquanto há cinqüenta anos seu grande concorrente estava no mesmo quarteirão, bairro ou cidade, hoje seu grande concorrente pode muito bem estar em um estado pouco conhecido dos Estados Unidos, em um país do Leste Europeu ou no Japão. Isso mudou a dinâmica do mercado mundial e empurrou empresas para o fenômeno da diferenciação. Sem ela, a empresa acaba se perdendo no mercado e morrendo. Surgiu uma demanda sem precedentes por Inovação, cada vez em um tempo menor, é claro.

Pois um dos resultados mais esperados da Colaboração oferecida pelas Social Networks é exatamente a Inovação, em uma velocidade nunca antes possível. O crescimento do número de comunidades e da possibilidade de colaboração abriu um novo universo para colaboração.

Na Google, por exemplo, uma das empresas mais dinâmicas da atualidade, existe um conceito no mínimo interessante para o desenvolvimento de novos produtos... Assistindo a uma palestra deles, fui apresentado ao modelo da "Macarronada". É simples... lá todos podem, devem e são incentivados a colaborar e dar idéias para novos produtos... os "produtos" vão sendo desenvolvidos e até mesmo colocados em "produção" na Web... usualmente em versão Beta, com um número "zero ponto alguma coisa" (uma das principais características da Web 2.0). Se for bem aceito pela comunidade da Internet, segue sua vida. Se não for bem aceito, o projeto é abandonado ou arquivado. Mas o que isso tem a ver com Macarrão? Simples... para ver se o macarrão está bom, pode-se jogá-lo contra a parede. Se "colar" está bom... a idéia é a mesma. Ou seja, colaboração para inovação "na veia".

A IBM usa um modelo similar já há alguns anos, os famosos "Jams". Jams são sessões abertas para colaboração para todos os funcionários da IBM no mundo... sua característica principal é que tem data e hora para iniciar e terminar. Centenas de milhares de idéias são apresentadas, discutidas e avaliadas. Muitas delas acabam se transformando em produtos e chegam ao mercado.

Tentando concluir...

Fornecedores de componentes para Social Networks já existem há algum tempo. Poucos hoje tem uma oferta realmente integrada e abrangente. Muitos estão simplesmente "costurando" produtos para tentar não perder o trem... risco alto para os clientes, objetivo do próximo post ainda a ser publicado.

Social Networks misturam conceitos antigos com tecnologia e conhecimentos novos. Dentre os principais fornecedores, a IBM hoje tem um lugar de destaque por ser a única que efetivamente já tem sua plataforma em uso há bastante tempo dentro de casa e com sucesso. Mais ainda, totalmente integrada e efetivamente usada por mais de 300 mil funcionários no mundo todo. Foi e continua a ser um dos maiores programas "Beta Teste" do mundo.

Isso, hoje, é uma grande diferença...

(1) http://fgfmendes.blogspot.com/2008/05/social-networks-1-uma-viso-leiga.html

segunda-feira, 19 de maio de 2008

MS e Yahoo! - Mais um Capítulo...

Como já era esperado pelo mercado em geral, a novela continua. Ontem a MS mudou a estratégia e fez nova abordagem junto à Yahoo!. A idéia agora é mais na linha de uma parceria estratégica do que no de uma aquisição. As suas unidades de publicidade online trabalhariam juntas (1).

Os motivos deste novo movimento são muitos, tanto do lado da MS quanto da Yahoo!. A MS não tem outra alternativa de curto prazo para atacar o grande problema dela, que é o espaço ocupado pela Google no segmento de busca na Internet e, principalmente, todos os desdobramentos deste domínio da Google. Não dá tempo para pesquisar e desenvolver nada...

Do lado da Yahoo!, a pressão dos acionistas e sócios aumentou muito depois do dia 3... Natural que este questionamento tenha gerado insegurança e cobrança dentro da Yahoo!. Para se ter uma idéia, Carl Icahn, um dos mais ativos acionistas da Yahoo! enviou uma solicitação para a assembléia de acionistas para substituir toda a diretoria da empresa, chamando-os de "irresponsáveis"... Este novo movimento pode gerar condições melhores para que a parceria aconteça. Pode ser a "saída honrosa" para eles.

Difícil dizer se existe mais alguma coisa vindo mas, na minha opinião, este é um movimento que tem mais chances de dar certo do que uma aquisição não solicitada e pode trazer mais benefícios. Afinal, a MS está agindo de forma muito mais focalizada e diretamente onde interessa. Neste novo formato, a MS não compraria um supermercado por causa da sessão de vinhos... Portanto, aparentemente, menos chances de erro. E isso pode ser bom para todos.

(1) http://www.nytimes.com/2008/05/19/technology/19yahoo.html?_r=1&hp&oref=slogin

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Social Networks 1 - A visão do leigo

Social Network é um dos "temas da vez", um dos assuntos mais discutidos nas publicações especializadas, nos cafés e em reuniões de profissionais de TI. Até ontem viviamos muito bem obrigado sem Social Networks... hoje precisamos delas para sobreviver e ter vantagem competitiva. São elas que darão às nossas empresas a garantia de sucesso no futuro e de que não vamos perder para o mercado todo nosso capital intelectual... são elas que vão nos permitir cooperar, trocar informações e inovar em um mercado cada vez mais exigente.

Mas, afinal, do que estamos falando? Vou tentar abordar o assunto de três formas distintas, o que vai ser difícil mas, com a colaboração de terceiros creio que conseguirei evoluir no assunto o que, aliás, é um excelente teste para uma Social Network...

O objetivo deste post é abordar a "visão leiga", a de uma pessoa que não é da área de TI ou de RH. A segunda abordagem vai ser a de um fornecedor de tecnologias para Social Networks. A terceira será a de um cliente, de como ele usa ou vai usar estes novos conceitos.

A Visão Leiga, o Orkut...

A primeira coisa que vem à cabeça de uma pessoa que não é da área de TI quando falamos de Social Network são os conhecidos sites de relacionamento... Orkut, Facebook, LinkedIn, Flickr e outros mais (veja 1, para uma lista dos principais sites de relacionamento). É um ambiente onde podemos encontrar pessoas, discutir sobre assuntos gerais, namorar, brigar, aprender, ver e mostrar fotografias, conseguir um emprego e por aí vai.

Pessoas entram em redes de relacionamento com o objetivo de conhecer outras pessoas e/ou manter contato com as que já conhece. Na maioria das vezes, acabam se registrando em grupos de interesse, ou comunidades, onde encontram antigos colegas de escola, universidade ou de outros empregos.

Além do Orkut e seus semelhantes, outra referência bastante comum para Social Network é o Windows Messenger, o Skype, o Google Talk ou outra ferramenta para chat. E seu uso é bastante difundido atualmente, com milhões de usuários no mundo todo (para uma lista dos principais, 2).

O número de usuários de redes sociais tem crescido vertiginosamente nos últimos anos e é marcante a presença do público jovem. Até mesmo crianças e adolecentes buscam estes ambientes. Um dos exemplos mais famosos é o Club Penguin (3), um site independente que obteve uma adesão tão grande de crianças que foi comprado pela Disney! (4).

Social Network e Internet

É interessante notar, também, que mesmo para o leigo o conceito de Social Network está muito ligado a Internet. Comunidades já existem a milhares de anos e sempre foram comuns mas nunca se usou o termo Social Network para designar uma comunidade. Por exemplo, é comum nas universidades do mundo todo a existência de repúblicas estudantis, cada uma com suas características e regras para seleção de participantes. E que eu me recorde nunca ouvi referência a uma delas com a expressão Social Network (nem mesmo a uma Rede Social).

Desta forma surgiu uma identificação muito forte entre Internet e Social Network. Para o leigo, não existe Social Network sem se pensar em Internet. Ou seja, para se fazer parte de uma rede deste tipo é fundamental que se esteja "conectado".

Relacionamentos sem fronteiras ou tempo

O último ponto que pretendo comentar sobre Social Networks na visão do leigo é uma de suas características mais fundamentais, a de ausência total de restrições geográficas ou de tempo. Para participar de uma rede Social, não importa onde você vive ou está, basta ter acesso a Internet.

Além disso, a interação entre os participantes destas redes pode se dar de duas formas distintas síncrona ou não. Usuários de Orkut podem deixar comentários ou mensagens para terceiros sem que a outra pessoa esteja conectada nequele momento, ou seja, de forma não síncrona. Já os usuários de uma ferramenta qualquer de chat, por outro lado, comunicam-se de forma síncrona.

Estas duas características são próprias de Social Networks porém normalmente não estão presentes em comunidades no sentido mais tradicional onde existe um local geográfico onde os membros se encontram e onde as informações são trocadas de forma síncrona.

Tentando concluir...

Via de regra, estas são as principais características e respostas que se obtem de uma pessoa que não é da área de TI ou de RH quando se pergunta sobre Social Networks. Ou seja, nada de Colaboração, Inovação ou Gestão de Conhecimento. Estamos falando de "Relacionamento", nada mais. Os resultados usualmente esperados são: (a) manter contato com conhecidos, (b) fazer novos amigos e (c) participar de comunidades de interesse. Só isso...


(1) http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_social_networking_sites
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Instant_messaging
(3) http://clubpenguin.com/
(4) http://en.wikipedia.org/wiki/Club_Penguin

domingo, 4 de maio de 2008

MS e Yahoo! - Último Capítulo?

Ontem, 3 de maio, a Microsoft afirmou publicamente que não tem mais interesse na "combinação" das duas empresas (1). Na carta enviada para a Yahoo! a MS usa o termo acima e não "aquisição", o que me fez pensar... será que chegamos ao fim desta novela?

Bem, no final de janeiro, quando a MS fez a oferta hostil para aquisição da Yahoo!, os termos eram outros, o que causou uma rejeição imediata por parte da Yahoo!. Cá entre nós, o que a MS quer e sempre quiz foi comprar a Yahoo! e ponto final... fica "combinado" assim.

Nesse meio tempo, a Yahoo! movimentou-se, movida não se sabe por quais motivos, para evitar a operação. Foram muitas reuiniões fechadas, jogadas na imprensa, apostas em novas parcerias, etc. O resultado prático mais concreto até o momento foi um outsourcing de anúncios com a Google.

Pra mim, este movimento trás pelo menos 3 consequências:
  1. Vai beneficiar a Google, que deve amanhecer na segunda-feira, 5 de maio, com uma alta no valor de suas ações (na sexta elas já haviam passado de US$ 600 mas fecharam a $ 580). Aliás, as ações da Google já vinham subindo nas últimas semanas a medida que a operação da MS ia se mostrando cada vez menos possível, os seus resultados do primeiro quartil foram acima do esperado e da melhoria no cenário macroeconômico,

  2. Deve provocar uma queda significativa do valor das ações da Yahoo!. Depois da oferta da MS as ações subiram mais de 60%. Não me surpreenderia se houvesse um movimento forte de venda de ações da empresa, jogando-a de volta para o patamar dos 19/20 dólares. O mercado especula isso.

  3. A MS vai partir para outra aquisição. O problema aqui é quem comprar... que empresa pode ajudar a MS a reduzir o gap que ela tem, hoje, com relação a Internet em geral e, mais especificamente, com relação a cesta de funcionalidades oferecidas hoje pela Google e pela Yahoo!.

    Uma destas funcionalidades, a Busca, aquele que lançou Google, Yahoo! e outros mais a verdadeiros blockbusters, é hoje praticamente um monopólio destas duas empresas. Abaixo a relação dos sites de busca mais usados pelos internautas no mês de março. É fácil notar que, pelo menos com relação a busca, existem basicamente dois players, a Google e a Yahoo (2). Comprar uma Ask não melhoraria em nada a vida da MS...

    Outras empresas começam a surgir neste mercado com promessas novas mas ainda pouco exploradas como a Searchme.com, por exemplo que, como novidade, apresenta os resultados de forma gráfica.
Mas, se a história realmenta acabou, isso ainda não se sabe. Não descarto a possibilidade desta ter sido mais uma jogada da MS para provocar a Yahoo!. Minha visão é que a Yahoo! não está 100% alinhada com o "não". E, nesse cenário, uma carta da MS formalizando sua "saída" do negócio pode ser um movimento estratégico para provocar uma reação na Yahoo! Pode provocar uma divisão interna, um racha de fato no board... afinal, se as ações da Yahoo! realmente despencarem nos próximos dias a atual liderança pode ser duramente questionada pelos investidores institucionais na empresa (que, aliás, já vinham levantando várias dúvidas).

O fato da carta ter sido datada em um sábado também é curioso... "vamos dar o domingo para eles pensarem melhor, antes dos mercados abrirem na segunda...".

Enfim, vamos aguardar segunda-feira...

(1) http://dealbook.blogs.nytimes.com/2008/05/03/microsofts-letter-to-yahoo-2/
(2) http://www.hitwise.com/datacenter/searchengineanalysis.php

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Gráu de Investimento - Momento Mágico?

Afinal a comunidade financeira internacional vê o Brasil como um lugar com menos risco para investimentos. Um dos principais resultados práticos desta classificação é que hoje somos um local onde grandes "fundos de investimentos" podem fazer suas apostas. Isso está em seus regulamentos... não podem investir em economias de risco. E eles tem muito, mas muito dinheiro para investir.

E o que isso significa para nós?

1) Apreciação do Real

Em primeiro lugar, a tendência é que vão entrar mais dólares no Brasil. Isso significa que o dólar pode baixar mais, provavelmente para menos de 1,50. Não será nenhum exagero se isso acontecer antes de 30 de setembro. É claro que podemos ter mais problemas de competitividade em exportações, mas que o dólar deve baixar, isso é certo.

2) Aumento dos Investimentos Internacionais no Brasil

É bem provável que sejamos testemunhas de um aumento significativo dos investimentos e empréstimos estrangeiros ao Brasil, além de uma mudança em seu perfil. Hoje, primeiro de maio, já surgiu o primeiro sinal... o Bird liberou o primeiro de uma série de empréstimos inéditos ao Brasil... e logo de cara é o maior empréstimo já feito, de US$ 1.6 Bilhão (a previsão para o total de empréstimos nos próximos 4 anos, incluindo este, é de US$ 7 bi), e o primeiro que não é feito diretamente ao Governo Federal. Pela primeira vez o empréstimo é feito aos estados (Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal são os principais beneficiados desta vez).

3) Aumento do deficit da balança comercial

Isso é bom para quem viaja, para quem investe lá fora, etc... ruim para os exportadores que vão ver seus produtos menos competitivos no mercado internacional. Um verdadeiro choque de realidade que vai demandar um choque de produtividade. Caso contrário, vamos ver nosso deficit da balança comercial aumentar muito durante o resto do ano. Essa deve ser a segunda grande consequência do Gráu de Investimentos... um deficit crescente na balança comercial do Brasil. Isso acontecendo, o governo vai ter que tomar algumas medidas para aumentar nossa competitividade, como redução de alguns impostos, incentivos a exportação, etc.

4) Valorização dos mercados de ações

Um terceiro reflexo vai ser uma valorização, pelo menos em um primeiro momento, dos índices dos mercado de ações. É natural que haja essa valorização dos índices de mercado. Bastante razoável que o Ibovespa chegue, antes de 30 de setembro, aos 80 mil pontos (no dia 30 de abril, fechou em quase 68 mil pontos). Não existe racional para a bolsa, que é especulação pura.

Alguns papéis, que estão em níveis muito baixos, devem valorizar-se bastante nos próximos meses... para citar alguns... (entre parenteses, primeiro o código da ação, depois o valor em 30 de abril e, por último, meu target para 30 de setembro). O da Petrobras (Petr3, 50,60, 60,00), Bovespa (Bovh3, 24,90, 35,00), Bolsa de Futuros (Bmef3, 16,60, 25,00), Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (Ccim3, 8,00, 11,00) e Bradesco (Bbdc4, 38,20, 45,00). Se isso vai acontecer ou não é uma grande incógnita. O mercado de ações é pura emoção, nada de razão... Os valores "alvo" acima mencionados são mera especulação da minha parte... eu mesmo vou me cobrar mais tarde destes "chutes".

Mas que é uma boa aposta isso é... As próximas semanas vão ser divertidas... É a primeira vez na história que isso acontece com o Brasil e os resultados ainda são imprevisíveis.

Segundo nosso presidente, estamos vivendo um "momento mágico"... será? Será que saberemos aproveitar esse momento?

Reputação Online - "Personal" Enterprise Reputation Management

Mundo novo, regras novas... será mesmo? Nem todas... pelo menos é a conclusão a que cheguei ao ler uma entrevista publicada ontem na Business Week (1) sobre Reputação Online. O entrevistado tem "boa reputação" na praça, trata-se de John Battelle, famoso por ter escrito um best-seller sobre a história da Google e também por ter sido um dos co-fundadores da Wired, conceituada publicação sobre o mundo digital.

O papo dele é simples e direto. Todos nós, quando queremos obter informações sobre alguma empresa ou produto fazemos algum tipo de pesquisa online. Uma rápida pesquisa no Google, por exemplo, e temos toda a "ficha" da empresa, certo? Mais ou menos... a partir daí é que ele puxa uma argumentação que, pelo menos para mim, causou certo espanto...

Faz parte da natureza humana reclamar mais do que elogiar. Quantas vezes nos vemos reclamando de um serviço ou produto... cobrando pelos nossos direitos? Muitas... e quantas vezes nos vemos elogiando determinado serviço??? Poucas, muito menos vezes... É absolutamente natural. Não estou questionando se é certo ou errado, mas é como acontece.

Quando fazemos uma busca sobre determinada empresa muito provavelmente vamos encontrar mais críticas do que elogios, mesmo para empresas de sucesso reconhecido. O problema é quando estamos falando de uma empresa nova, sem histórico público. Nestes casos, a imagem pode ficar seriamente arranhada. Encontrar críticas sobre computadores da HP, da IBM ou da Apple é comum, não é difícil... e quantos elogios você encontra??? Mas, como você conhece a marca e sua reputação, não tem problema... e quando você não conhece? O que fazer???

Personal Enterprise Reputation Management

Surgem, então, empresas especializadas em cuidar de sua imagem online. Até aí, tudo bem... empresas de marketing fazem isso no mundo real, cuidando para que da imagem de seus clientes. No entanto, no mundo digital a história acontece, ou pode acontecer, de forma diferente.
Exemplo... você faz uma busca sobre uma empresa no Google. Logo na primeira página de resultados você encontra várias reclamações. O que você faz? Desiste da empresa? Procura por concorrentes? E se você tiver uma empresa que, de alguma forma, vai tentar fazer com que os resultados bons apareçam logo na primeira página??? Interessante, não? Ético? Correto?

Muitas questões surgem nesse momento... e a conclusão é até mesmo óbvia. Da mesma forma que no "mundo real", é importante ter honestidade e respeito na Internet. Nenhum problema em promover um site de uma empresa, um produto ou serviço... isso acontece a todo momento. O problema é quando se criam comentários falsos, levianos e que possam direcionar um consumidor para um caminho inadequado.

Uma empresa que cuida da imagem de outras deve, antes de mais nada, cuidar da sua e garantir que honestidade, lisura e respeito ao Internauta esteja acima de tudo. Este é um novo mercado que surge com o objetivo de organizar resultados de busca de portais como o da Google ou da Yahoo! e tentar garantir que não sem fortemente direcionados pela natureza humana de registrar mais reclamações do que elogios. No entanto, simplesmente criar um "motor" para criar elogios falsos pode afetar dramaticamente a credibilidade desta que é uma poderosa ferramenta para nós, usuários, os portais de busca.

Pra quem quiser acompanhar as opiniões dele, recomendo uma visita ao seu blog (2).


(1) http://www.businessweek.com/smallbiz/content/apr2008/sb20080430_177447.htm
(2) http://battellemedia.com/