sábado, 16 de março de 2013

"O que Steve Jobs faria?"


Steve Jobs é um dos maiores ícones dos nossos tempos quando o assunto é inovação. Fundou a Apple, foi diretor executivo da Pixar e maior sócio individual da Disney Studios. Faleceu em Outubro de 2011. Sua marca na Apple é indelével. Poucas empresas no mundo tem sua história tão associada a uma pessoa. E este é um grande problema, ou desafio, se você preferir, para a empresa. Até hoje, para cada ação tomada pela empresa, se ouve a pergunta "o que Steve Jobs faria?".

A Apple, apesar de inovadora, é uma empresa fechada. Seus produtos sempre apresentaram uma arquitetura proprietária. Todos eles. Desde o primeiro computador, o Apple I, lançado no "dia da mentira", primeiro de abril de 1976, até o iPod, o iPhone e o iPad. Trata-se do maior lock-in da história contemporânea. Sou admirador e usuário dos produtos da Apple. Não os largo, pelo menos no momento, por nada. Mas a empresa enfrenta seus problemas e o cenário, em 5 anos, pode ser bem diferente.

Transparência é uma característica corporativa cada vez mais valorizada. E as novas tecnologias de Social Business podem contribuir muito para seu desenvolvimento. Quanto mais transparente uma empresa é, mais comprometidos seus funcionários são. Veja a IBM, por exemplo, que durante décadas foi vista como uma empresa fechada e conservadora, carregando a imagem do representante de vendas com um terno azul, gravata e camisa branca. Atualmente a IBM emprega mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo. E procura valorizar cada um deles como sendo único. Cada funcionário é visto como um colaborador, como alguem que pode contribuir, com seu conhecimento e experiência, para a construção do "conhecimento coletivo" da empresa. Este conhecimento, no fim do dia, contribui para que a empresa possa entregar mais "valor" para seus clientes. É uma equação do tipo ganha-ganha. Ganham os funcionários, que tem mais visibilidade, tanto dentro da IBM quanto no mercado. Ganham os clientes, que podem se beneficiar de um conhecimento de ponta. E ganha a IBM em relação a seus concorrentes.

Artigo recente escrito por Mark Fidelman, na Forbes, discute este tema. Como o desempenho de Apple e IBM tem seguido estradas distintas e como a IBM vem se transformando em um Social Business e liderando o mercado com inovação. Ao valorizar seu corpo de profissionais, a IBM cria um ambiente propício para inovação. E segue como líder mundial de patentes, tendo alcançado a marca de 20 anos de liderança em patentes e inovação.

Incentivar profissionais a colaborar é complicado. Sempre uso a mesma analogia. Implementar um sistema ERP em uma empresa, além de um processo extremamente doloroso, é complicado. No entanto, a partir do momento em que o sistema está instalado e operacional, não existe mais escolha. Se sua função passou a ser suportada pelo sistema, você tem que usá-lo. Em contrapartida, implementar uma Rede Social Corporativa é um processo muito mais complexo. Você consegue obrigar pessoas a utilizar um sistema ERP mas você não consegue obrigar profissionais a colaborar. Ou você já ouviu alguem dizer "você tem que colaborar 3 vezes por dia" ou "já colaborou hoje"?

Vivemos uma transformação profunda e cada vez mais acelerada no mercado de trabalho. A Colaboração é, agora, central a atividade profissional. Já discuti aqui sobre o tema. Acredito que a transformação está valorizando cada vez mais o compartilhamento de informações, em detrimento daquele profissional que sabe tudo mas não compartilha nada.

O futuro das empresas está em sua capacidade de acompanhar esta transformação, de transformarem-se em agentes de mudança e construirem relações cada vez melhores, mais ágeis e transparentes com seus profissionais, fornecedores e clientes. A Apple tem um grande desafio pela frente e, infelizmente, não é mais possível contar com a liderança visionária de Steve Jobs.

Vou encerrar este post pegando emprestado o último parágrado do artigo citado anteriormente:

"Too many executives still believe in exclusive innovation. That’s a mistake. You can no longer create great products alone – IBM understands this. That’s why their culture and the technology solutions that support it are making them one of the most adaptive companies in the world.

They’re prepared for the future – are you?"

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