Seis Graus de Separação
Muito provavelmente você já ouviu a expressão "seis graus de separação". Pode ter sido em conversas com amigos ou você pode ter assistido ao filme, de 1993, estrelado por Donald Sutherland e Will Smith (1). Basicamente, a idéia é que podemos alcançar uma pessoa qualquer no mundo através de um caminho formado por pessoas conhecidas umas das outras, com no máximo 6 graus de separação, em média. Para entender melhor, um amigo seu está a um grau de separação de você, um amigo do seu amigo está a dois graus de separação e um amigo de um amigo do seu amigo está a três. Em tese você poderia enviar um bilhete para o Papa, por exemplo, enviando-o, em primeiro lugar, para um amigo seu que tenha conexões na Igreja Católica ou na Itália. Este seu amigo, em sequência, enviaria o bilhete para outro amigo e por aí sucessivamente até chegar ao destino desejado... em 6 conexões, na média.
Este conceito surgiu inicialmente na década de sessenta, através de uma experiência executada por Stanley Milgram (2). Ele selecionou algumas centenas de habitantes do estado americano de Nebraska e solicitou a cada uma delas que enviassem uma carta para um determinado comerciante em Boston, desconhecido direto deles. O desafio era enviar a carta para um conhecido, que teria mais chances de conhecer alguem em Boston, sucessivamente, até chegar ao seu destino. Cada "envio" foi devidamente registrado e ao final, na média, cada correspondência precisou passar por seis passos para chegar. Já viviamos, naquela época, em um "Small World".
O estudo inspirou a mídia, que produziu um filme, uma peça de teatro e até mesmo um jogo de adivinhações, liderado por Kevin Bacon (2). Na época, ainda não havia o conceito de Redes Sociais como o conhecemos hoje. No entanto, o estudo serviu de base para diversos outros, principalmente na área de sociologia, para análise comportamental, por exemplo. Anos mais tarde, alguns questionamentos sobre a validade do estudo, principalmente pelo fato dele sido feito dentro dos EUA, ou seja, limitado tanto geograficamente quanto culturalmente, motivaram alguns estudiosos a repetir o experimento, em uma escala global. Em 2002, Duncan Watts, Peter Dodds and Roby Muhamad replicaram a experiência, desta vez usando email para a mensagem. Eles selecionaram aproximadamente 98 mil pessoas, a maioria nos EUA, e solicitaram que elas enviassem um email para outras pessoas previamente selecionadas em outros países. Novamente o padrão pode ser observado... "Small World", novamente...
Três Graus de Influência
No entanto, uma outra questão foi levantada. Mesmo alcançando pessoas com até seis graus de separação, será que temos a capacidade de influenciar estas pessoas? Nicholas Christakis, um sociólogo pesquisador em Harvard, e seu colega James Fowler, decidiram investigar este tema em mais detalhes e concluiram que, na média, nossa capacidade de influência está limitada a 3 graus de separação (3). Eles relacionam 3 motivos para isto.
Para o primeiro motivo eles usam a analogia de uma pedra lançada em uma superfície líquida parada. O impacto provoca ondas que se propagam pela superfície líquida e que vão perdendo sua intensidade a cada vez que se afastam do local de impacto. Na prática, nossa capacidade de influenciar um amigo é alta. Já para influenciar um amigo de nosso amigo, é menor, e por ai sucessivamente.
O segundo motivo está associado ao que eles chamam de "instabilidade intrínseca da rede". A idéia é que as conexões além de três graus seria mais instáveis. Ou seja, sua conexão com um amigo próximo é forte, pois ele pode ser um parente, um colega de trabalho ou alguem com quem você mantem contato. No entanto, a força das conexões tornam-se mais fracas a medida que se afastam de você.
Por último, eles associam uma característica da própria evolução humana. Historicamente, humanos tendem a se agrupar em grupos pequenos e é mais comum desenvolvermos relações até um determinado grau, o terceiro. Em tese, eles entendem que temos pouca ou nenhuma capacidade de influenciar pessoas a mais de três graus de separação uma vez que em nossa história, o ser humano nunca teve condições de fazê-lo.
Os dois estudos são bastante interessantes e levantam algumas questões... No mundo atual, com as novas tecnologias...
1) ... será que conseguiriamos reduzir os 6 graus de separação entre quaisquer duas pessoas?
2) ... será que temos condições de influenciar mais pessoas a mais de 3 graus de separação?
3) ... se realmente tivermos condições de influenciar pessoas a mais de 3 graus de separação, qual será o impacto em aspectos culturais? e políticos? e religiosos?
Uma coisa ao menos é certa. Independente de eventuais mudanças nestas teorias, mandar um email de qualquer lugar do Nebraska para Boston, hoje, é infinitamente mais rápido do que na década de sessenta.
Muito provavelmente você já ouviu a expressão "seis graus de separação". Pode ter sido em conversas com amigos ou você pode ter assistido ao filme, de 1993, estrelado por Donald Sutherland e Will Smith (1). Basicamente, a idéia é que podemos alcançar uma pessoa qualquer no mundo através de um caminho formado por pessoas conhecidas umas das outras, com no máximo 6 graus de separação, em média. Para entender melhor, um amigo seu está a um grau de separação de você, um amigo do seu amigo está a dois graus de separação e um amigo de um amigo do seu amigo está a três. Em tese você poderia enviar um bilhete para o Papa, por exemplo, enviando-o, em primeiro lugar, para um amigo seu que tenha conexões na Igreja Católica ou na Itália. Este seu amigo, em sequência, enviaria o bilhete para outro amigo e por aí sucessivamente até chegar ao destino desejado... em 6 conexões, na média.
Este conceito surgiu inicialmente na década de sessenta, através de uma experiência executada por Stanley Milgram (2). Ele selecionou algumas centenas de habitantes do estado americano de Nebraska e solicitou a cada uma delas que enviassem uma carta para um determinado comerciante em Boston, desconhecido direto deles. O desafio era enviar a carta para um conhecido, que teria mais chances de conhecer alguem em Boston, sucessivamente, até chegar ao seu destino. Cada "envio" foi devidamente registrado e ao final, na média, cada correspondência precisou passar por seis passos para chegar. Já viviamos, naquela época, em um "Small World".
O estudo inspirou a mídia, que produziu um filme, uma peça de teatro e até mesmo um jogo de adivinhações, liderado por Kevin Bacon (2). Na época, ainda não havia o conceito de Redes Sociais como o conhecemos hoje. No entanto, o estudo serviu de base para diversos outros, principalmente na área de sociologia, para análise comportamental, por exemplo. Anos mais tarde, alguns questionamentos sobre a validade do estudo, principalmente pelo fato dele sido feito dentro dos EUA, ou seja, limitado tanto geograficamente quanto culturalmente, motivaram alguns estudiosos a repetir o experimento, em uma escala global. Em 2002, Duncan Watts, Peter Dodds and Roby Muhamad replicaram a experiência, desta vez usando email para a mensagem. Eles selecionaram aproximadamente 98 mil pessoas, a maioria nos EUA, e solicitaram que elas enviassem um email para outras pessoas previamente selecionadas em outros países. Novamente o padrão pode ser observado... "Small World", novamente...
Três Graus de Influência
No entanto, uma outra questão foi levantada. Mesmo alcançando pessoas com até seis graus de separação, será que temos a capacidade de influenciar estas pessoas? Nicholas Christakis, um sociólogo pesquisador em Harvard, e seu colega James Fowler, decidiram investigar este tema em mais detalhes e concluiram que, na média, nossa capacidade de influência está limitada a 3 graus de separação (3). Eles relacionam 3 motivos para isto.
Para o primeiro motivo eles usam a analogia de uma pedra lançada em uma superfície líquida parada. O impacto provoca ondas que se propagam pela superfície líquida e que vão perdendo sua intensidade a cada vez que se afastam do local de impacto. Na prática, nossa capacidade de influenciar um amigo é alta. Já para influenciar um amigo de nosso amigo, é menor, e por ai sucessivamente.
O segundo motivo está associado ao que eles chamam de "instabilidade intrínseca da rede". A idéia é que as conexões além de três graus seria mais instáveis. Ou seja, sua conexão com um amigo próximo é forte, pois ele pode ser um parente, um colega de trabalho ou alguem com quem você mantem contato. No entanto, a força das conexões tornam-se mais fracas a medida que se afastam de você.
Por último, eles associam uma característica da própria evolução humana. Historicamente, humanos tendem a se agrupar em grupos pequenos e é mais comum desenvolvermos relações até um determinado grau, o terceiro. Em tese, eles entendem que temos pouca ou nenhuma capacidade de influenciar pessoas a mais de três graus de separação uma vez que em nossa história, o ser humano nunca teve condições de fazê-lo.
Os dois estudos são bastante interessantes e levantam algumas questões... No mundo atual, com as novas tecnologias...
1) ... será que conseguiriamos reduzir os 6 graus de separação entre quaisquer duas pessoas?
2) ... será que temos condições de influenciar mais pessoas a mais de 3 graus de separação?
3) ... se realmente tivermos condições de influenciar pessoas a mais de 3 graus de separação, qual será o impacto em aspectos culturais? e políticos? e religiosos?
Uma coisa ao menos é certa. Independente de eventuais mudanças nestas teorias, mandar um email de qualquer lugar do Nebraska para Boston, hoje, é infinitamente mais rápido do que na década de sessenta.
(1) http://en.wikipedia.org/wiki/Six_Degrees_of_Separation_%28film%29
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Stanley_Milgram
(3) http://www.wjh.harvard.edu/soc/faculty/christakis/
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